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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desconexo

Gabriela plantou uma linda pé de cabra de onde jorrava o mias puro whisky das sete costas do Sudão, certo dia as cabras do pé de cabra começaram a mugir de forma infantil e triste, Gabriela suspensa com a situação comprou uma lhama para ensinar as cabras a latir calmamente para o horizonte.
A lhama foi uma boa professora e ensinou as cabras a lição, entretanto, a Turquia se sentiu ofendida pelo latir das cabra de Gabriela começando um conflito sangrento e cheio de graxa. Rinocerontes ciborgues atacavam sem dó o sitio-militar onde morava a garota dona do pé de cabras que latia, a lhama foi brutalmente assassinada por coroas de dendê. Não havia mais esperanças, mas foi ai que surgiu Gruntus, o gigante da Malásia e amassou todos os rinocerontes ciborgues e para a felicidade da Turquia e infelicidade de Gabriela, Gruntus mascou o pé de cabras e cuspiu no Uzbequistão.
Se passaram vários anos desde o conflito armado, e o Uzbequistão se tornou o país mais rico da América Latina, Gabriela se casou com Sipo, o curupira malandro,  e a Turquia virou a fossa de Gruntus.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Consequências de Prometeu

As cinzas caiam solenes e ingratas do céu, invadiam casas, terrenos, parques, praças, ruas e avenidas. A maioria das pessoas não sabiam do que se tratava, pensavam ser mais uma queimada de mata onde eram comum nesta época do ano. Meu lar estava espalhado pela cidade, levado pelo vento que outrora me trouxe a felicidade.
O vento certa vez vem um chapéu vir ao encontro de meu rosto. A dona do chapéu viria a ser minha esposa, nos apaixonamos a primeira vista. O casamento não demorou a acontecer e ela estava grávida do meu primeiro filho quando a casa explodiu e foi consumida pelas chamas.  O vento espalhava a felicidade que um dia me trouxe, e eu não podia fazer para segurá-lo. A não ser, ser consumido pela dor da perda, pela perda da força e desmaiar esperando que tudo não passe de um sonho.

terça-feira, 7 de junho de 2011

[biografia] - Frenesi


Lá fora uma fina chuva caia sobre a cidade, o tempo que estava limpo e com o sol brilhando tinha mudado drasticamente, o céu estava cinza e a garoa aos poucos ia mudando os rumos da cidade, do alto do prédio o velho via as pessoas correndo da chuva e o transito parando lentamente. 
- Quando tinha uns... oitenta anos até os meus setenta não houveram grandes acontecimentos em minha vida, era algumas viagens e alguns um romance, um fracasso total. 
- E isso se deveu a morte de seu filho? 
Um silencio sepulcral tomou conta do recinto, o jovem temia ter dito algo que não devia, poderia ter estragado todo seu trabalho, mas resolveu ficar quieto, esperava receber o xingo do velho e ser expulso de sua casa, mas ele não falaria nada, não por enquanto. Ele ouvia a chuva ficar mais forte lá fora, buzinas eram ouvidas com mais freqüência. 
- Sim, acho que foi – respondeu o velho, o entrevistador ficou aliviado, mas mesmo assim achava que tinha acabado sua pesquisa. – A pior coisa que pode acontecer com qualquer pessoa é perder um filho, eu o amava, mas aquela maldita doença o tirou de mim, e o melhor que aconteceu foi ele ter partido. Meu neto e minha nora vivem bem e felizes na Italia hoje, eles me ligam, mas estão distante de mim, seja em fisicamente ou seja emocionalmente. Mas eu não os culpo, também era distante de meus avós. 
- Eu sinto muito. 
- Não sinta! A velhice só serve pra você se sentir incapaz e ver seus entes queridos morrerem, quanto mais se vive, mais as pessoas próximas vão morrendo. 
- Ai como você é dramático, sempre foi! – a voz só o velho escutou, reconhecia aquela voz, escutara ela a pouco tempo atrás, era seu parceiro. 
O velho olhou em volta mas nada viu, o garoto que o entrevistava, achou o comportamento do escritor estranho. 
- Você está bem? - repetiu o estudante. 
- Com licença um minuto. 
O velho caminhou de volta para o escritório o mais rápido que pode, a idade não contribuía para sua velocidade. Nada havia no escritório. Então foi ao seu quarto, e lá viu seu parceiro novamente, mas dessa vez não estava só, estava acompanhado de uma criança. O filho deles. 
- Oi papai – disse a criança. Seu filho morrera com quase cinqüenta anos, mas aquela era a imagem que sempre guardara de seu filho, um garotinho de dez anos. 
- Oi amor – respondeu seu parceiro que tinha a aparência de cerca de vinte anos. 
- O que é isso não estou entendo. 
Da sala o estudante ouviu o velho falando sozinho, e lentamente foi se esgueirando para ver o que ele fazia, com quem ele falava. 
- Bom, o que acontece, é o seguinte – começou a dizer seu parceiro – ao terminar essa entrevista você vai morrer, e se juntar a nós. 
- Finalmente! Vou terminara entrevista agora e expulsar aquele moleque da minha casa. 
O jovem escutou nitidamente o que o velho disse, ele se sentiu ameaçado, traído, então, silenciosamente ele deixou casa, com o velho falando sozinho no quarto. 
- Não é assim que funciona – continuou o espectro de seu parceiro. 
- Você tem que contar tudo, sua história, nossa história precisa ser reconhecida por todos – continuou seu filho – Tenha paciência e termine a sua biografia, todos precisam saber da sua vida, ela será um guia para muitas pessoas. 
O velho olhou para porta, como se olhasse para o estudante que o entrevistava, e quando voltou os olhos para a cama, onde seus parentes estavam sentados, nada viu. Uma breve pausa para respirar, e então caminhou até a sala para continuar a entrevista, mas o estudante não estava mais lá.

domingo, 29 de maio de 2011

Longa Vida

Virou a caixa de leite sobre o copo e apenas dois dedos no copo se encheram, mas era o suficiente para ajudar a descer o lexotan pela garganta seca abaixo.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

[Biografia] - Brás Cubas


- O senhor está bem? – perguntou o jovem estudante ao ver o velho chegar pálido na sala.
- Estou ótimo – havia um tom de dúvida em sua voz, a ponta de seus dedos cálidos e enrugados tocavam sua boca de forma sutil, sua expressão era de quem estava longe, em um profundo devaneio. De repente, como se toda a realidade tivesse voltado a tona, ele fitou o rapaz e disse – Vamos começar?
O jovem, receoso, voltou a falar:
- Pode começar a falar de sua vida inteira, tudo o que quiser falar por favor o faço, ai depois aplico meus estudos em cima das suas declarações.
- Tudo bem – disse o velho – Mas farei como Brás Cubas, e iniciarei do final. Infelizmente no meu caso tais memórias não serão póstumas, mas como ele não tenho medo de falar. O início é o final ainda não concluído! Eu um velho com seus noventa e tantos anos, fazendo a pesquisa de campo para meu, o que acredito ser, último romance. Romance no qual estive entretido desde a morte de meu parceiro, o romance preenche o vazio dentro de mim depois de sua partida, esse romance é complexo, confuso, apaixonado e bipolar assim como ele era, o romance é a alma dele, a alma que eu conheci e convive por quase sessenta anos – uma pausa, o velho caminhou até a cozinha e voltou com dois copos e uma garrafa d’água, se serviu e tomou um gole de água – Ele morreu a onze anos, ataque cardíaco, ele era a última pessoa que eu amava que restou e ele se foi, ele me prometeu nunca partir, mas mesmo assim ele se foi – o velho continuou detalhando o que acontecera naquela fatídica manhã - Naquela manhã de verão o sol brilhava forte, a temperatura estava um pouco acima do normal para a época, eu acordei antes, como dificilmente acontecia, fiz o café da manhã e fui chamá-lo. Apesar dos anos de convivência o amor e o respeito não tinham se extinguido com o tempo, nossas brigas em geral, eram causadas por ciúmes. Quando preparei a mesa, fui chamar-lo, meu velhinho, mas ele não acordou, sua pele estava fria como mármore, nem aquela manhã quente foi capaz aquecer aquele corpo frio e branco. Porém, eu fui mais frio, e tive que deixá-lo para chamar a alguém para tirá-lo. As lembranças dele ainda estão muito vivas em minha memória e neste apartamento.
O jovem estudante fitava o velho, que agora, calado, olhava para seus pés, a tristeza era clara, mas ele precisava compartilhá-la, sempre gostara de compartilhar seus sentimentos, mas com a perda de seu parceiro guardava tudo aquilo consigo, não havia com quem dividir.
- Aquele velho gaga roubou minha juventude! – disse o velho do sorrindo, mas com os olhos lacrimejados – Olha só pra minha cara e veja como ele me deixou!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Foi apenas um sonho

  
   - Hoje meu dia foi cheio.
   Essas foram as palavras da garota à irmã ao chegar da faculdade jogando suas coisas na cama ao lado, as duas compartilhavam daquele sentimento de cumplicidade desde a infância, não existia nem mesmo um segredo sórdido entra as duas. Ar irmãs, Regina e Gabriela, dividiam o mesmo quarto, desde a infância, e mesmo agora que já haviam passado da puberdade, agora que já eram mulheres o quarto ainda era compartilhado, assim como seus segredos e planos.
   - Ai Re eu to quebrada, aquela aula maldita hoje acabou com que restava de bom humor em mim, meu chefe não largou do meu pé um minuto, to quase pra pedir as contas...
   - Calma, você tá estressada, descansa, vai tomar um banho e depois dorme que amanhã você estará novinha em folha.
   - Banho? Nesse frio? Ta louca bem?
   - Deixa de ser porca...
   - Daqui a pouco eu vou, me conta o que aconteceu na novela hoje.
   A conversa se estendeu por quase uma hora, os assuntos abordados variavam de forma colossal, o som da televisão alta fundia-se a conversa das meninas,mas elas não se perdiam, estavam acostumadas e o silêncio naquele recinto demoraria a reinar. Gabriela resolve tomar seu banho enquanto Regina prepara o quarto para as duas dormirem. Regina já está deitada quando Gabriela chega do banho, com uma toalha na cabeça, elas conversam mais um pouco, uma conversa curta, só enquanto Gabriela se ajeita, em seguida vem a escuridão seguido por Morfeu.
   Eram duas da manhã quando Regina acordou no meio da noite, ela precisava usar o banheiro, porém notou que sua irmã não estava no quarto, deduziu então que ela estaria no banheiro, então esperou deitada em sua cama o regresso da irmã, passou-se vários minutos e nada da garota retornar, decidiu ir até o banheiro e bater na porta, e se sua irmã estivesse passando mal? Bateu a porta e nada, abriu a porta e se deparou apenas com a escuridão sepulcral, como seu aperto era grande decidiu fazer suas necessidades antes de procurar o paradeiro da irmã e em menos de cinco minutos estava à procura de Gabriela novamente.
   Quarto da mãe, cozinha, banheiro, sala, todos os cômodos estavam vazios, sem ao menos sinal da sua querida irmã, todas as portas da casa estavam trancadas, voltou para o quarto delas para procurar qualquer indício de seu paradeiro, a roupa que ela usou ao voltar da faculdade, que estava pendurada na porta do guarda-roupa, havia sumido. Preocupada ela olhou para o lado, e viu seu celular, ligeira ela ligou para a irmã, uma, duas três vezes, e a única voz que ouvia do outro lado era o da caixa postal. Regina estava cada vez mais aflita não sabia o que fazer, primeiramente pensou em abdução, era crédula de vida extraterrestre, em seguida veio a idéia de seqüestro e seu coração batia cada vez mais rápido, sua irmãzinha que sempre estivera tão presente em sua vida desaparecida assim do nada, começou a chorar...
   Acordou! Sua irmã estava na cama ao lado num sono profundo, Regina se aliviou ao saber que tudo aquilo não passou de um sonho, mas definitivamente agora ela precisava ir no banheiro.

terça-feira, 10 de maio de 2011

[biografia] - Convença-me

Se atrasara na escola devido a uma reunião e última hora e isso fizera que um garoto atravessasse a cidade correndo para chegar ao restaurante, tinha medo que desperdiçasse sua oportunidade de fazer sua tese com uma figura tão ilustre, mas ao chegar viu o velho escritor sentado a uma mesa tomando uma taça de vinho. 
- O senhor tem reserva? - perguntou o Maître
- Sim, com aquele senhor ali, almoçarei com ele.
- Ah sim, ele deixou avisado sobre o senhor, por favor - e fez menção para o jovem continuar.
Acanhado ele caminhou até o velho que se deliciava com seu vinho, ao ver que já tinha tomado mas da metade da garrafa ruborizou-se.
- Não precisa ficar assim, eu sempre me atrasei a compromissos a vida toda, meus amigos começavam até a chegar atrasado, ou me enganavam quanto ao horário, chegando eu uma hora antes. Mentira, mesmo assim eu chegava atrasado. O fato é que o atraso é apenas uma forma de lutar contra a essa forma de vida acelerada que a humanidade inteira leva. Sempre me atrasei, enquanto viver vou me atrasar, e não faço questão de perder meus compromissos por atraso, nem amigos, já perdi alguns por causa do atraso.
- Mas hoje o senhor não atrasou.
- Na verdade você que atrasou mais que eu.
- E a garrafa de vinho quase acabando - e fez um olhar critico a garrafa.
- Eu gosto de beber.
O garoto se sentou na frente do velho, numa mesa pequena, redonda, com uma toalha de mesa vinho. Pela primeira vez ele viu o velho, e não olhou como apenas fazia, ele usava um chapéu marrom, seus cabelos grisalhos, quase brancos, desciam pelo rosto até seu ombro, suas rugas eram poucas apesar de sua avançada idade, não usava mais barba como fazia quando era jovem, e um par de óculos de aros grossos e pretos completava sua feição.
- Dorian Gray – disse o velho do nada.
- Perdão?
- Não pareço tão velho por causa do quadro que tem em casa, mas ele já envelheceu tanto que começou a passar para mim – os dois riram – Mas me diga o que você quer de mim?
- Bom primeiramente...
- Sem rodeios – o velho o cortou
- Ok! Uma biografia, quero todos os detalhes sórdidos de sua vida, tudo! E com esse material relacionar as suas obras e fazer minha tese, além de publicar também sua biografia, se tiver sua autorização.
O Velho pensou por um instante.
- Me convença então – disse o velho olhando para o rapaz de esgoela.
- Bom... para as pessoas que você é um humano e não somente um escritor inalcançável, que não é considerados semi-deus, que qualquer um pode se tornar alguém como você, que qualquer pode ter uma vida que é considerada “errada” pela sociedade e mesmo assim crescer profissionalmente, socialmente, psicologicamente.
- Tudo bem, me convenceu, agora vamos almoçar que estou morrendo de fome.
Escolheram o almoço, conversaram sobre coisas cotidianas, procurando se conhecer e se deliciaram com o almoço pago pelo velho. Do mais, não conversaram mais nada sobre o projeto dos dois.

[biografia] - Pingado e Sorvete












   O café com leite dançava no copo do estudante que olhava para as anotações, na qual não via nenhum sentido, eram como palavras distorcidas junto com alguns desenhos onde nada fazia sentido, olhava fixamente tentando entender a lógica daquele senhor, mas nada vinha a sua mente para que pudesse continuar a examinar o documento. De súbito levou um susto pelo toque de seu celular, derrubando o leite por toda sua roupa, praguejou até chegar ao telefone e atendeu com uma voz perceptivelmente alterada.
   - Acho que liguei em má hora – disse a voz do outro lado da linha, mas ele não reconheceu.
   - Quem é? – perguntou o estudante limpando com um pano de prato.
   - O velho que você roubou ontem!
   O garoto empalideceu, gelou, ficou sem reação, as palavras não saiam de sua boca, nem para se defender do roubo. De fato ele não roubara, o velho que esquecera suas anotações no banco, apesar disso o velho sabia e riu-se do outro lado da linha.
   - Brincadeira, deixei lá de propósito para você! – não conseguindo abafar a risada, o garoto aos poucos ia se recuperando do choque – Então, conseguiu extrair alguma coisa de minha essência com as minhas anotações? Seja sincero comigo.
   - Sinceramente não – e antes que dissesse, mas alguma coisa o velho cortou.
   - Eu sabia, as anotações vêm conforme as coisas que penso, então teoricamente, as anotações são meus pensamentos. Acho que estou caquético já.
   - Não, de forma alguma, o senhor...
   - Não tente me bajular, eu gosto, mas não o faça. Faz assim, me encontre no Le Maison, sabe o restaurante? Então, lá ao meio dia e meio e conversamos. Agora tenho terminar de escrever meu romance, cambio.
   Antes que o jovem pudesse dizer alguma coisa o velho desligou o telefone, ele se sentiu importante, tinha conseguido com que seu ídolo o ajudasse em seu TCC, um sorriso tomou conta de sua face, esquecera que sua roupava estava impregnada pelo seu café da manhã e esquecerá que estava atrasado para aula, ao notar, agiu como um louco, se trocando rápido e saindo de casa.
   

   Eram dez da manhã, há quase três horas o velho que agora caminhava solene pelas ruas do centro da cidade, havia ligado para um estudante dizendo que aceitara ajudá-lo na sua tese de conclusão de curso. Como sempre, ele observava o movimento, mas ao invés do cigarro acompanhá-lo quem o fazia desta vez era um sorvete de creme, dessa vez não havia anotações, tudo ficava na memória. De súbito parou e ficou encarando o nada durante alguns instantes, os instantes se tornaram minutos, o sorvete derreteu e se espatifou no chão, preocupada um mulher veio ao seu encontro, e tocou-lhe o braço e perguntou:
   - O senhor está bem?
Retornando lentamente do transe respondeu:
   - Não se preocupe, minha cara, foi apenas um devaneio, sempre tive isso. Obrigado, mas agora preciso ir – ele caminhou até um taxi parado ali perto e foi embora. A mulher desconcertada também seguiu o seu caminho.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

[biografia] - Um velho na Praça

   Um velho na praça observava de um banco o movimento, as pessoas que passavam os animais domésticos, os pássaros, as crianças que brincavam e o transito na rua a poucos metros de onde estava, nada escapava daqueles olhos treinados para perceber qualquer vislumbre de humanidade, aquele homem que passara a vida a escrever os momentos imperceptível da vida cotidiana, estava ali, sozinho e desconhecido por todos, mas nada o fazia parar de admirar a vida que o rodeava. Um cigarro lhe acompanhava de vez em quando, o vício que conhecera na adolescência quando conhecera a rebeldia da juventude. 
   Apesar de em toda a sua vida mostrar o lado bom da humanidade, o lado feliz, ele já não era mais, perderá todos com que se importava, ele que desejava morrer jovem, foi o único que sobrara de sua família, dos amigos... Condenava a todos por terem o abandonado, e agora aos 93 anos esperava a morte vir lhe buscar assim como fizera aos outros. Foi absorvido dos seus pensamentos quando um jovem rapaz sentara-se ao seu lado. 
   - Dia bonito não? – começara o rapaz a puxar um assunto. 
   - Prefiro quando os dias estão nublados, odeio sol – replicou o velho. 
   - Pra quem escreve tanto sobre a vida ser maravilhosa, o senhor me parece meio decepcionado. 
   - Engano seu, eu gosto da vida, não gosto da minha apenas... E não gosto do sol – ele se vira para o garoto – e você quem é? Me admira o fato de um garoto me conhecer. 
   - O senhor é conhecido no mundo literário. Sou estudante do curso de Letras, e estou fazendo meu TCC baseado em sua vida, a relação entre seus livros e sua vida pessoal – disse o garoto abrindo um sorriso ao velho, e observando suas anotações. 
   O velho respondeu ao sorriso do estudante com outro sorriso. 
   - Que saco! Existem livros para que você possa pesquisar essas coisas. E se eu já tivesse morrido? Como você faria? Considere-me morto assim como todas as pessoas que me importava morreram. 
   - Mas senhor não existe nenhuma biografia sua que tenha sido, como posso dizer... Escrita ou supervisionada pelo senhor, me diga então qual delas é a mais verdadeira sobre sua vida? 
   - Não sei, não li nenhuma! Tenho mais o que fazer do que ler minha própria vida escrita por outros. 
   - Mas e se eles estiverem falando mal do senhor? 
   - É um direito deles. Você acha que eu vou me importar com a minha imagem a essa altura da minha vida? Quando eu era jovem eu mesmo a destruía – ele pega o celular disca um número – venha me buscar, não quero andar. 
   - O senhor vai me ignorar aqui? 
   - Uhm... – pensa alguns instantes – é, vou. 
   - Ídolos sempre nos decepcionam! 
   - Existem tantas coisas que nos decepcionam meu caro: casamento, New York, o cachorro quente da lanchonete na esquina de casa, a última maconha que fumei... – foi se levantando lentamente, e com a ajuda de uma bengala foi caminhando em direção a rua, onde seu motorista iria pegá-lo – Mas faz assim, me deixa seu telefone, não é porque hoje não estou com vontade de falar que outro dia estarei assim também. Fui claro? Não pareceu concisa essa frase. Mas você entendeu não é? – apesar de sua avançada idade ele não tinha problemas para caminhar, o garoto entregou-lhe um pedaço de papel com seu telefone. 
   - Por favor, me ligue, vai ser importante para mim. 
   O velho parou e fingiu dormir dando uma sonora roçada. 
   - Ta bom, ta bom, vou ver o que faço – o motorista encostou o carro e foi ajudar o patrão a entrar, o garoto ficou olhando seu ídolo entrar no carro. E antes que partisse o velho gritou - Espero que tenha trazido um guarda-chuva rapaz. 
   O estudante não entendeu, e esperou o carro partir, ao voltar para o banco onde os dois conversavam notou que o escritor esquecera seu bloco de anotações, ele o pegou, folheou algumas páginas, e em seguida algumas gotas começaram a pingar, uma típica chuva de verão mudara o tempo, e todos ali na praça corriam para se esconder da chuva.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os braços de Morfeu

Cada pálpebra pesa mais de uma tonelada, o ambiente frio e fala monótona que corre em sua volta faz com que cada palavra discursada pese mais um um quilo sobre seus olhos. Não pode dormir, resista, já vai acabar, faltam apenas... um hora e meia. O tempo não passa, há séculos está ali, mas o tempo não passa. Pequenos devaneios começam, imagens começam a se formar em sua mente, as palavras em sua volta não fazem mais sentido, e de repente um solavanco, um susto, o sono ganhava a batalha. Novamente imagens... e então pra que fingir, pra que lutar? A mão serve de apoio, de travesseiro, e se entrega enfim aos braços de Morfeu.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Miniconto: Dinheiro não trás felicidade

"Um homem em Montecarlo vai ao cassino, ganha um milhão, volta para casa, suicida-se."
-Tchekov

sexta-feira, 25 de março de 2011

Periplaneta americana


A vida universitária de Caio não era o que ele esperava, sua faculdade em outro estado ficava longe de casa, e sua nova morada, um pequeno kit net no subúrbio da cidade, num prédio velho onde se freqüentava os mais variados tipos de pessoas, jogadores, prostitutas, drogados. A escória da cidade residia em toda aquela região.
Devido sua origem humilde e a um anuncio de moradia mentiroso, teve que ficar por lá mesmo, cárcere de um contrato de um ano, no qual não podia pagar a multa para deixar o local e continuar seu curso.
De fato ele não estava feliz, a faculdade consumia suas forças, andava sempre cansado e para ajudar estava com insônia a mais de duas semanas. Estava cansado, sua forma raquítica e suas profundas olheiras lhe davam a aparência de carcaça, de que um dia pertenceu a um ser humano.
Ao chegar tarde da noite em casa, jogava todas as suas coisas para o lado, visto que arrumar a casa não adiantaria muito vivendo a meio daquele ambiente pútrido, se deitava esperando que essa noite pudesse dormir. De fato o sono veio, mas antes que pudesse adormecer, sentiu que alguém acariciava seu rosto, mas ao abrir os olhos viu que era uma grande barata. Um grito ecoou pelo kitnet, seguido de um pulo.
- Eu odeio este lugar, eu quero ir embora daqui – esbravejou.
Correu ao banheiro abriu a torneira da pia e esperou até que a água negra parasse de cair e lavou seu rosto abundantemente como se a barata tivesse impregnado em sua pele. O resto da noite passou em claro, lendo seus livros e estudando.

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No dia seguinte, durante suas aulas, tinha impressão que a barata passava em seu rosto a todo o instante,além do sono e as aulas que exigiam toda sua atenção agora havia o pavor da presença do inseto.
Ao fim do dia, sua aula não rendeu, seu dia não rendeu e ele notava que sua vida estava ruindo desde que saiu de casa. Chegando em casa se deparou novamente com a barata que estava sob a pia da cozinha, que ficava praticamente ao lado de sua cama, sem pensar, não lembrando de seu medo, de seu nojo do inseto lhe deu um tapa com toda a força que podia, fazendo até que ressoasse um estalo ao matar a barata. Na pia sobrou apenas um corpo marrom esmagado da barata e em suas mãos a entranha branca característica deste tipo de inseto e uma pata. Novamente veio o nojo, e lá foi ele novamente para a pia do banheiro lavar mão. Pelo menos agora, tinha um problema a menos para se preocupar.
À noite, depois de terminar um relatório, deitou em sua cama e como não fazia há tempos, dormiu.
Ao acordar no dia seguinte estava descansado, com as energias repostas, há tempos não se sentia assim, era como se fosse uma nova pessoa. Na faculdade houve um rendimento considerável em relação aos dias anteriores e isso se estendeu por vários dias, pela primeira vez, desde que pisara naquela faculdade ele era notado e até sua moradia se tornou um lugar mais aconchegante.

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Depois de algumas semanas viu que não era apenas sua vida social e universitária que havia mudado, ele se sentia estranho. Numa noite antes de dormir notou algo sua mão direita tinha uma ferida já seca, uma casquinha marrom, ele a retirou com a unha que saiu facilmente, não se importou, para ele era apenas sujeira e dormiu. Ao acordar no dia seguinte notou que sua mão continha novamente a casquinha marrom, mas dessa vez maior, ele a retirou novamente, e saiu para a faculdade.
Com o passar do tempo notou que a casca marrom sempre aparecia em sua mão e cada vez maior, estava também vendo mais baratas pelo seu caminho do que o normal, era como que ao matar aquela barata em seu apartamento tivesse mudado em sua vida, de fato mudou, mas não sabia o que. Algo o preocupava, em seu âmago, tinha um pressentimento ruim, mas não sabia explicar e não sabia o que fazer.
Certo dia ao acordar em seu kit net, que estava cada vez mais pútrido devido ao seu próprio comportamento, se viu cercado de baratas, ele ficou estático, com medo e ao olhar para seu braço direito viu que estava todo coberto por aquela estranha casca marrom, tirou a camiseta e notou que ela tomava conta de seu peito. Alguém começou a bater na porta fortemente, se cobriu com uma tolha e foi atender, um homem magro de abatido estava ali em pé, respirando fundo.
- Tem pó? - foi a única coisa que disse. Num momento repentino e impensado de desespero, puxou o homem para dentro de apartamento e o jogou no chão fazendo assim com que todas baratas espalhadas sobre o apartamento atacassem o homem, que num urro seco e abafado perdeu sua vida.
O medo tomou conta dele que fugiu correndo de casa sem rumo pelos corredores do condomínio, os vizinhos olhavam espantados para o garoto que tinha um braço de barata, na rua foi abordado por policiais.
“Alguém os chamou, alguém deve te ouvido os gritos” pensou.
Com armas apontadas a sua cabeça foi declarada a voz de prisão, ao algemá-lo os policiais pareceram nem se importar com seu braço-barata, ele foi levado de volta ao seu apartamento para que pudessem comprovar o crime cometido por Caio, e chegando lá estava um corpo jogado com uma chave de fenda fincada no peito.
- Eu não fiz isso! – tentou argumentar – Foram as baratas – mesmo sabendo que era impossível as baratas terem fincado a chave no peito do homem queria provar sua inocência, mas será que era mesmo inocente? Sua sanidade estava em xeque, ele tinha dúvidas se aquilo era real, sonho ou alucinação.
- Você foi preso em flagrante, acusado de homicídio doloso... – diziam os policiais, mas ele desistiu, não queria mais ouvir, apenas baixou a cabeça e se deparou com seu braço direito que estava normal. Agora era fato tinha perdido a lucidez depois de algum tempo convivendo num lugar podre em que não estava acostumado, ele se rendeu a sua insignificância, sabia que cometera o crime e nem prestou atenção no resto do discurso policial.
Ao chegar à delegacia foi colocado sozinho numa sala antes que fosse transferido para uma cela.Ficou lá sozinho, com medo, pensava no que havia acontecido e não acreditava, mirou para um pequeno espelho que havia sala, e no lugar de seu rosto viu uma grande barata, ao olhar para seus braços viu que eram grandes patas, assim como suas pernas . Se desesperou e gritou.
- O que está acontecendo aqui? – disse um policial corpulento e careca que entrou na sala, pisou em algo chamou sua atenção – Droga! Que barata enorme – disse olhando para a sola de seu coturno a barata esmagada. Notou, porém, que não havia ninguém na sala, rapidamente pegou seu rádio e anunciou:
- O suspeito fugiu!

Para o Apolônio

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Toque

"Quando o amor nos atinge, qualquer coisa serve para se sentir perto da pessoa amada, até mesmo um toque."

Ela estava lá distante do outro lado da rua no ponto de ônibus, mas um garoto franzino de aproximadamente a mesma idade não parava de mira-lá, sonhava em um
dia pelo menos conversar com aquela garota de lábios rosados e olhos azuis, seu cabelo negro como a noite criava um contraste com o sol do meio dia. Ele não sabia para onde ela ia, mas sabia qual ônibus ela pegava.
Apesar dos dois estudarem na mesma escola, era raro quando ela a via por lá, mas no ponto de ônibus eles se encontravam todos os dias, ela o ignorava, mas ele a admirava todos os dias, não importa o tempo, chuva, sol, frio, calor ela sempre estava linda aos olhos dele.
Uma criança ele era a pouco tempo atrás, mas depois deste sentimento que nunca tivera antes parecia ter lhe tornado num adulto, pensava que se fosse correspondido nada poderia fazê-lo ficar triste novamente, mera ilusão juvenil...
Certa vez ele chegou ao ponto e não a viu do outro lado como era de costume, esperou e nada, aos poucos seu ponto de ônibus foi enchendo isso significava que estava perto de seu ônibus passar e nada da garota, seu ônibus passou e não teve a oportunidade de mira-la, e isso o deixava transtornado. Foi que ao segurar num ferro do ônibus, sem querer colocou sua mão sobre outra, automaticamente pediu desculpas e viu que a mão que tocou era da garota que ele sentia algo tão grande que não poderia explicar, ele replicou com um "não foi nada" e depois ela pediu licença e desceu.
Era uma vitória, e sorrindo foi até chegar ao seu destino.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O piano

As autoridades buscavam explicações de como um piano havia aparecido no banco de areia do dia para a noite em meio à Baia Norte em Florianópolis, apareceu por lá, sem deixar rastros de quem poderia ter colocado-o no meio do mar. Apesar de tudo a água não o alcançava, nem mesmo com a maré alta , ele havia sido colocado no ponto mais alto do banco, e as águas salgadas só poderiam alcançá-lo se o mar se revoltasse devido a uma tempestade, mas isso não o deixara livre de hospedes como gaivotas que se abrigavam nele pouco a pouco.

A população também estava intrigada com a aparição do piano, que chamava muita atenção dos alunos da Universidade Federal de Santa Catarina, cujo principal acesso era pela avenida Beira-Mar Norte que antes fora parte da Baía, mas tivera que ser aterrado em alguns trechos para a construção da avenida.


O primeiro dia do piano misterioso estava prestes de acabar, era um lindo por do sol, quando se ouviu um melodia, vinda de longe, mas logo as pessoas que estava próximas viram uma figura junto ao piano que tocava Fantasie Impromptu de Chopin, em pouco tempo parecia que todos na cidade tinham parado para contemplar o show que acontecia num banco de areia na Baia Norte. A musica começava com algumas notas lentas em seguida de notas rápidas e incessantes como a vida eram disposta de forma uniforme e melodiosa.

Alguns tentavam identificar o pianista, os que olhavam de binóculos notavam que usava fraque e uma máscara branca que lhe cobria todo o rosto, mas devido ao sol que batia diretamente nele era difícil ver os detalhes. Outros apenas ouviam a musica que parecia emanar do mar, ela soava baixa, mas todos podiam ouvi-la ao longo da orla da praia. Aos poucos a areia da praia abrigava uma multidão que assistia ao concerto ao ar livre do desconhecido com o piano misterioso, logo, as notas rápidas e furtivas se transformaram numa melodia mais amena, onde se percebia que as notas pareciam descer para outro nível e em seguida se tornar uma musica mais calma, como se quisesse dizer “vai com calma na sua vida, pare um pouco, relaxe, tome um café”. Neste momento eram poucas as notas que podiam ser ouvidas por todos, mas estas acalmavam a musica depois de uma saraivada de notas fortes, era um momento de relaxar.

Eram poucos os que trajavam roupas de banho, a maioria estava vestida como se acabassem de sair do trabalho, que de fato tinham o feito, apesar da ânsia de quererem voltar para casa, do cansaço, sucumbiram à musica que lhes remetia a própria vida, e estes foram os que pareciam mais admirar a obra de Chopin. Eles não sabiam, mas de certa forma, todos compartilhavam do mesmo sentimento. Então novamente as notas fortes e rápidas voltavam, como se a vida continuasse hiperativa, dia após dia, como num circulo vicioso onde todos vivem, descansam e um novo dia, com novas experiências, surgiria.

Ao fim da musica ela novamente se tornava lenta, mas em um tom mais fúnebre, e depois de algumas notas agonizantes ela terminava, morria. Todos que compartilharam dessa experiência na Baia Norte se sentiram tocados por aquele ato, como se a musica tivesse tocado suas almas, alguns saíram chorando, outros sorrindo e com a chegada da noite, e o fim da melodia a multidão foi se dispersando pouco a pouco, alguns esperavam outra musica, mas a escuridão tomara conta do banco de areia e era difícil dizer se o pianista ainda estava por lá.

Na manhã seguinte, para a surpresa de todos, o misterioso piano também sumira, deixando apenas uma lembrança da peça que tomou conta da cidade, do mar e do coração das pessoas que o presenciaram.
Agradeço ao Leon Spiandorelli por me mostrar
que o sentimentalismo da mais ênfase a estória

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Miserável

"Por favor, quero alimentar meu filho, você não pode não pode me ajudar por favor? Só uma moedinha, qualquer coisa" dizia um velho senhor com suas vestes velhas e sujas fedendo a urina, pedia a qualquer um que passasse a sua frente, sua unica companhia era um cachorro.
Sua cara sensibilizava alguns, que colocavam algumas moedas em sua mão trêmula. "Deus lhe pague" ele respondia e retribuia com um sorriso singelo, em seguida guardava o pouco que conseguia dentro do forro da blusa que vestia.
Estava ali, sempre no mesmo lugar no centro da cidade, sentadinho numa esquina, as vezes recebia salgados do bar que tinha em frente pra matar sua fome, as vezes pegava restos no chão, mas sempre dividia sua conquista com seu único companheiro, o cachorro. Alguns dos passantes davam-lhe uma contribuição replicando "Não vá beber!" mas de fato ele não bebia, há anos que não ingeria uma gota de álcool.
E quando a noite caia, e o trafego de pessoas era menor ele ia embora, caminhava até os fundos do prédio de um grande grupo jornalístico, onde se deitava e contava o dinheiro que arrecadara naquele dia, guardava, e pela manhã comprava as coisas que precisava. Antes de dormir fitava durante muito tempo uma foto antiga onde havia uma mulher e duas crianças, as vezes ele sorria, as vezes uma lágrima corria de seus olhos, mas sempre havia um sentimento de saudade naquela foto, sempre fazendo carinho no cachorro, que parecia muito grato com seu dono. Na foto, sua familia, que perdeu em um acidente de carro em que ele dirigia, bêbado e em alta velocidade. A única forma que encontrou para se punir, foi com a vida que agora levava, abandonando toda riqueza que possui.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

If close my eyes forever

Caminhando pelos vales escuros da loucura,
Tentando não tropeçar nos meus próprios devaneios
Vejo minha esposa correndo em minha direção
No seu vestido branco, com meu meu correndo
Em seu encalço com seu sorriso sem dentes e jovial.
Mas seria novamente minha mente me enganando?
Ou eles retornaram ilesos da curva fatal?

Minha casa a tanto vazia espera pelos meus amigos,
Por mais uma partida de futebol, regada a cerveja
E conversas inuteis, mas a unica coisa que há
São semanas de poeira acumulada, e o cheiro de mofo
Que empregna qualquer narina.

O dia amanhace novamente e espero
Por mais um dia de trabalho arduo e produtivo.
Até meu chefe brigando comigo seria uma fuga
dessa solidão, mas não há chefe, não há emprego
Não há produto, não há nada.

Meus momentos de alegria, vem de minhas memórias,
Quando fecho meus olhos.
Se eu fechar meus olhos para sempre,
as coisas serão como são agora?
Se eu fechar meus olhos para sempre,
tudo permanecerá inalterado?
Se eu fechar meus olhos para sempre,
será como meus sonhos? De quando eu tinha
tudo e não soube valorizar?
Só saberei, se eu fechar meus olhos para sempre.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Perplexa

O vento frio cortava a pele de um pobre senhora sentada embaixo de um viaduto tentando se esconder do frio, desde que perderá tudo na vida vivia a custas de doações e restos, seu pulmão enegrecido com anos de tabagismo fazia com que sua respiração fosse fraca e demorada, carros passavam na rua de vidros fechados, outras pessoas passavam a pé usando agasalhos grossos e quentes e aquela velha senhora disponha apenas de uma mantinha que carregava com ela a pelo menos nove anos, e não tinha forças nem para levantar o braço para pedir sua custumeira esmola, a fome lhe corroia.


A mendiga, nem sempre vivera dessa forma, tinha uma vida confortável, mas o destino fez com que ela perdesse tudo. Tudo começou quando sua filha morreu em um acidente de carro, junto com seu genro e seu netinho de dois anos, o marido depois deste acidente sucumbiu a bebida, o alcoolismo fazia com que se tornasse violento e em uma de suas loucuras incendiou a casa em que moravam morrendo carbonizado junto com a casa, a mulher depois disso, não tinha mais forças para nada e ficou vagando pelas ruas sem rumo, não tinha mais parentes ou amigos, era um simples dona de casa ensinada a ser submissa ao marido, não arrumou mais nenhum homem para sua vida, era apenas uma mulher triste e sozinha.
Encolhida em seu canto, com a manta cobrindo todo oseu corpo foi supreendida com uma voz familiar que chamou a sua atenção, ao mesmo tempo alguém tentava tirar aquela manta em torno do seu corpo.
- Ei você vai ficar bem estou aqui para lhe ajudar - dizia a voz, e ao ser descoberta contra gosto, notou que não havia mais friio a temperatura estava amena, e voz que lhe chamava pertencia a sua filha que agora sorria para a mãe. Quem puxara sua manta foi o dono da mesma, seu neto, que abraçava a avó. O genro estava a poucos metros olhando, sorrindo e acenando.
- Eu morri? - perguntou a mendiga a sua filha.
- Apenas descanse que eu vou cuidar de você. Feche os olhos e durma, amanhã tudo estará bem.
Na manhã seguinte a mendiga acordou limpa e satisfeita num quarto branco e com outras pessoas a sua volta, pessoas desconhecidas, quando seus olhos se acustumaram com o ambiente viu que o lugar não era tão limpo assim e tinha um cherio desagravel.
- É vovó... - disse um enfermeiro negro que viera cuidar dela - Você quase partiu dessa para melhor essa noite, ainda bem que estavamos aqui para ajudar - a mulher caiu em prantos, com seu choro silencioso. O que ela mais queria era ter partido, assim estaria com seus entes queridos que haviam lhe abandonado.

domingo, 18 de abril de 2010

Inquieto, tonto e encantado

No começo, eram apenas viagens diárias, um longo tempo dentro daquele meio de transporte sem nada para fazer, haviam outras pessoas, mas não havia assunto, sempre ali, quieto, calado e de certa forma, sozinho. Um período de observação foi necessário para conhecer o mínimo das personalidades de todos, mas uma pessoa, me chamou a atenção, e então começamos a conversar.
Minhas observações que sempre foram tão certeiras dessa vez foi falha, com um grande erro do imaginado, houve uma mudança nas coisas, e os dois viram que tinham mais em comum do que pareciam ter, apesar de brigas e discussões sem sentido uma amizade surgia. Mas como a vida não é perfeita, houve um problema, no mesmo momento em que cantavam a musica tema de A bela e a fera, os sentimentos começaram a mudar, pelo menos em uma das partes.
Novamente, veio a observação, mas uma obervação diferente, em detalhes, como por exemplo como se sentava, o jeito de falar, o sorriso (que alias era um dos mais bonitos que já tinha visto), reparava-se em tudo desde roupa ao novo corte de cabelo, será que o amor teria invadido novamente aquele coração?
Uma das partes estava curtindo mas a outra estava inquieto, tonto e encantado pelo outro.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Banheiro

A musica abafada pelas paredes invadia o banheiro, era aquele som constante e interminável, a boate estava cheia e consequentemente, o banheiro. Eram mais de três da amanhã quando entrei no banheiro, a bebida me virava o estomago, passava mal, suava frio, e sentia o vomito vir de tempos em tempos. O cheiro de urina empreguinava minhas narinas deixando a ânsia de vomito pior, uma senhora que ficava no banheiro para dar ordem e limpar estava sentada no canto em um Baco não parecendo se importar com nada, o banheiro era unissex, então via homens e mulheres compartilhando aquele antro.

Ao entrar, na porta do banheiro, me deparei com duas mulheres magras e bonitas se beijando, tinham porte de modelo, na pia havia um garoto que não aparentava ter mais de dezesseis anos se drogando, cheirando fileiras de cocaína, em um dos boxes do banheiro ouvia-se o barulho de pelo menos quatro pessoas transando, que logo em seguida a porta se abriu com estrondo e havia quatro jovens, três homens e uma mulher, todos em torno dos seus vinte anos, sem cerimônia um garoto loiro que estava completamente nu fechou a porta novamente.

Precisava ir ao encontro de uma privada e forçar o vomito, aquela sensação era horrível, e sabia que depois de expulsar aquele excesso de bebida estaria melhor. O chão estava lavado de urina e vomito, estava escorregadio, e toda aquela sujeira fez com que o vomito viesse de forma espontânea e se juntasse ao vomito alheio já no chão. A música lá fora não se cessava, e me chamava para dançar mas eu não tinha mais forças.

Coloquei a mão no bolso, e encontrei um pequeno comprimido, que sem medo ingeri, aquilo iria levantar meu animo, o garoto da cocaína ainda estava no banheiro e me ofereceu uma dose em troca do ecstase que tinha, eu não recusei... Lavei minha boca pra tirar o gosto de vomito, e logo um efeito começou a surgir, fui a um box mijar, mas já estava difícil acertar a privada, na saída do banheiro encontrei-me com um casal, que me fizeram a proposta d um sexo a três, que eu também não pude recusar.

E tudo que aconteceu no banheiro, ficou no banheiro.

domingo, 3 de janeiro de 2010

As Garotas do Calendário: Capitulo 1 - Mau Princípio

Eram seis da manhã na orla na praia de Maresias, em São Sebastião, litoral de São Paulo. Haviam várias pessoas se amontoando para ver o que estava acontecendo, uma barreira policial matinha a multidão curiosa longe da cena do crime.
Um espaço começou a se abrir, e um homem alto, de cabelos curtos e negros mostrou sua identificação ao policial que mantinha as pessoas afastadas, ele ajeitou seus óculos redondos e caminhou fazendo farfalhar a capa que vestia em direção a um outro policial de mais idade e bigodes vastos.
- Bom dia coronel Gomes, o que temos aqui em pleno 1° de janeiro? – perguntou o policial que acabara de chegar.
- Homicídio, mulher branca de aproximadamente vinte e sete anos, um tiro no peito – respondeu o coronel – Eu acho desnecessário chamar o senhor da capital para vir aqui, qual mesmo o seu nome? Detetive?
- Milton, pode me chamar apenas de Milton. Qual a causa da morte?
- Tiro no peito, pelo menos é o que tudo indica. Bom... fique a vontade filho a cena do crime é sua, meu turno acaba em duas horas.
A areia estava molhada, chovera a noite passada, o seu estava nublado e uma neblina leve tomava conta de toda a cidade. O detetive Milton, que era alto com quase um e noventa de altura se agachou ao lado do corpo e ergueu o pano branco que o cobria para verificar as condições do corpo.
- Nada mau – disse em voz baixa – Temos alguma pista por aqui? – perguntou em seguida em voz alta para os outros policiais da perícia.
Um jovem policial, magro, de cabelos ruivos chegou até o detetive e lhe entregou um saco de evidencia, dentro havia uma rosa negra.
- Foi encontrado junto ao corpo, nas mãos dela, junto ao peito – disse o perito – Antes porém tirei algumas fotos do corpo assim que cheguei, a mulher que encontrou o corpo está ali, sentada junto aos paramédicos.
- Qual o seu nome? – perguntou Milton.
- Pedro senhor.
- Certo Pedro, depois preciso conversar com você sobre o cão, agora vou interrogar a mulher para liberá-la logo.
- Senhor? O senhor sabe por que o chamaram aqui? – perguntou Pedro meio receoso.
- Me chame de Milton, apenas Milton, sem formalidade por favor. Mas não sei, por que me chamaram aqui? - perguntou o detetive intrigado.
- A vítima, é Andréia Romanova, atriz dessa novela que ta passando. Saiu até naquele calendário beneficente para ajudar as crianças com câncer.
De súbito o detetive correu ao corpo, e olhou novamente, realmente era a atriz no qual Pedro falara.
- Leve a moça a um hospital e tire o corpo daqui antes que a imprensa chegue.
- Alguém sabe a identidade da vítima? – perguntou baixo ao perito.
- Só os policiais, a mulher não a reconheceu.
- Ótimo. Pessoal venham todos aqui, por favor – e todos os policiais ficaram em volta do detetive – Sem comentários sobre o homicídio para a imprensa quero isso limpo o mais rápido possível.
Ao longe na avenida Milton já podia ver a imprensa chegando, agora sabia que o chamaram para manter descrição no caso, ele era ótimo nisso. Aquela imagem o lembrara de quando era criança, Milton crescerá em São Sebastião, mas a cidade em suas lembranças era ensolarada e quente, não se lembrava daquela cidade cinza e fria.
Poucas horas depois estava o detetive na estrada de volta a São Paulo, pedira a transferência do legista Pedro para a mesma base em que trabalhava, não apenas o bom serviço do rapaz o fizera a pensar dessa forma, mas Pedro era o irmão mais novo de um antigo colega seu que havia falecido há alguns anos atrás, Lucas. Foi Lucas quem conseguiu para Milton uma das melhores posições policiais graças a seus contatos. Quando o detetive soube da morte de seu colega, nem pode acreditar e isso lhe deixou mal, logo depois ele se casou com a sua namorada de vários anos, Rita. Hoje quase seis anos depois, tudo estava calmo, e s trabalhos policiais de Milton era um dos melhores do país, onde já havia ganhado vários prêmios. O celular toca.
- Oi querida – responde Milton feliz ao ouvir sua mulher.
- Amor, você virá jantar em casa hoje? Tenho novidades – percebia-se a felicidade da esposa em sua voz.
- Não sei, é um caso difícil, mataram uma celebridade.
- Ai não acredito, me conta, quem?
- Sabe que não posso, mas quando chegar em casa conversamos, um beijo.
Aquele crime despertara sua atenção, ele precisava resolvê-lo, e iria direto ao IML onde fariam a necropsia de Andréia Romanova.

A imprensa não falava nada além da morte de Andréia Romanova e o deslizamento de terra em Angra dos Reis, repórteres cercavam o IML e a delegacia de polícia. Mesmo que fosse para se manter o sigilo, uma hora a notícia teve que ser liberada e rumores já circulavam. O capitão Matheus Vieira fizera o anuncio publico e que nenhuma possibilidade havia sido descartada.
Milton acompanhou a autópsia, o vestido da jovem estava manchado de sangue apenas na região onde a bela a acertará, deduzira que ela já estava morta quando o tiro foi dado, também havia marcas de cordas em seu pescoço.
- O assassino é provavelmente canhoto – disse o legista ao detetive, o legista um senhor de mais de sessenta anos tinha os cabelos brancos desgrenhados, obeso e tatuagens cobriam seu braço direito inteiramente – Veja que as marcas mais fortes provem do lado esquerdo da moça, deduzindo que o assassino a pegou por trás na mesma direção que ela – o legista explicava e encenava no detetive – Sua mão mais forte era a esquerda, portanto, canhoto.O tiro realmente foi pós-morte. Vou mandar amostras de sangue par verificar se havia algo diferente em seu organismo.
- Obrigado Seo Carlos, eu vou ao capitão pedir um mandato para verificar o apartamento da moça e conversar com parente e amigos mais próximos.
- Hoje? Em pleno primeiro de janeiro? – perguntou Carlos, o legista.
- Minha vontade é, mas não me deixaram, amanha eu começo.

Eram quase oito da noite quando Milton chegou em casa, sua casa um sobrado no Morumbi, bairro da classe alta de São Paulo, estava toda iluminada apenas por velas, sua esposa chegou carregando duas taças de vinho vestida com um vestido longo de festa azul, estava maquiada e de cabelos encaracolados soltos. Seu corpo era escultural, e uma alegria tomava conta de sua cara.
- Qual motivo da comemoração – perguntou para esposa enquanto ela lhe entregava uma taça de vinho.
Ela sorriu, um sorriso jovial e inocente.
- Estou grávida! – respondeu ela de uma só vez.
Os dois se beijaram, e a comemoração nem teve o jantar, ela rumou direto para o quarto.

A noite estava silenciosa, uma leve garoa caia sobre o detetive que estava no quintal de sua casa fumando um cigarro, mania adquirida com seu amigo Lucas, do qual sempre se lembrava. O assassinato daquela atriz fazia-o sentir algo diferente, uma sensação de que aquilo tinha algo grandioso por trás, ainda mais, por terem tentado encobrir a verdadeira causa da morte.

Os dias que se seguiram foram sombrios, nenhum dos amigos e parentes mais próximos à Andréia davam uma pista clara que pudesse auxiliar a policia em uma busca. Ex-namorados, colegas de trabalho, empregados, amigos, todos interrogados, mas Andréia estava sumida desde o dia vinte e oito de dezembro, ela era uma pessoa reservada e gostava de passar as festas de fim de ano sozinha, a alguns anos atrás perderá o filho de câncer, desde então ela passava sozinha tanto o natal como o réveillon. Haviam mais pessoas a serem interrogadas, mas Milton quisera ver se havia alguma cosa no apartamento da vitima antes.
Por se tratar de uma celebridade o mandato de busca na casa da vítima, veio mais rápido que o de costume, não se passara nem sete dias desde sua morte. O mandato estava nas mãos de Milton e junto com a sua equipe de perícia estavam partindo para o apartamento da vítima no centro da cidade quando um carro parou, e de lá saiu Pedro o perito de São Sebastião.
- Consegui a transferência hoje, assim que recebi o recado já vim, tudo bem? – disse o rapaz alegre.
- Seja bem vindo, se junte a nós, vamos para a casa da vítima, depois você acerta as coisas, sem problemas não é capitão?
O capitão estava na porta da delegacia quando o rapaz chegou, era um homem alto, forte e negro, não tinha cabelos mas seu bigode já começava a mostrar alguns fios brancos.
- Os papéis já estão certos, ele pode ir sim – disse com sua voz grossa e imponente.
O caminho abria-se feito o mar para Moisés, as sirenes dos carros policiais tocavam alto, Pedro ficara fascinado com o tamanho da cidade e seus prédios glamorosos, nunca vira a cidade desse ângulo.
Os policiais foram bem recepcionados pelos moradores e funcionários do condomínio, Andréia vivia sozinha, tinha apenas um gato branco em seu apartamento que apesar de tantos dias só parecia estar bem. Logo toda a equipe se espalhou pela casa em busca de pistas, cada uma em seu devido lugar apenas Pedro e Milton não tinham um lugar certo entre os outros. Milton começou a rodear a casa, apenas observando enquanto Pedro foi junto aos peritos que estavam na cozinha.
O detetive entrou em um escritório onde havia um computador e com foto virada de cabeça para baixo, no verso da lia-se “Mãos sujas de sangue inocente”, cuidadosamente Milton com um lenço virou a foto, ao olhar a foto seus olhos ficaram paralisados, não poderia ter uma foto dessas aqui, era impossível.
- Detetive? Encontrarão sinais de luta no quarto da vitima. – de súbito, Milton escondeu a foto no bolso de sua calça – Há algum problema senhor? – perguntou o perito de meia idade e olhos cansados.
- Não, não, eu já vou indo... Obrigado – respondeu pasmo.
Ele sabia que era crime ocultar provas, mas o que fazia aquela foto na cena do crime, ainda mais com uma frase dessas “Mãos sujas de sangue inocente”? A missão do prédio ocorreu sem mais problemas, Milton conversou com os moradores mas ninguém vira a pessoa que pegou a atriz em seu lar, o circuito de câmeras também não pegou nenhuma imagem, o assassino por enquanto era um fantasma para os policiais.

Naquela noite, Milton viajara sozinho ao interior do estado, estava de frente á porteira de um sitio, devagar ele saiu do carro e abriu o portão, entrou com o carro foi em direção a uma casa iluminada. Havia uma senhora sentada num banco comendo alguns doces. Milton saiu do carro e foi em direção a velha que olhava para o rapaz que se aproximava de sua casa.
- Oi mãe – disse Milton.
- Filho vem pra cá, fiz brigadeiros hoje, prove um – e enfiou na boca do filho que pensava em recusar – que saudade, veio dar feliz ano novo para nós? Mas você só falou que vinha semana que vem! – ela abraçava muito o filho.
- Não mãe é algo importante, onde está o papai? – disse Milton sem jeito, pois, não queria estragar a felicidade da mãe, algo o perturbava e precisava resolver isso de uma vez.
- Com os cavalos meu filho, vai lá! – a mãe sorriu e viu o filho contornar a casa para ir ao estábulo.
Grogan, o pai de Milton, era um velho de cabelos grisalhos e corpulento, tinha um nariz de batata e olhos azuis, ele estava de costas para o filho, mas sabia que era ele.
- Boa noite meu filho – sua voz era bonita e grave – O que te trás aqui?
- Pai, sabe aquele assassinato do qual estou cuidando? – Havia preocupação em sua voz.
- Da atriz não é?
- Isso, tem algo que o senhor precisa saber – deu-se uma pausa – Eu roubei uma evidencia, talvez a mais quente que temos até agora, mas antes que brigue comigo olhe.
Milton entregou a foto ao pai, que ao olhar seus olhos se dilataram.
- Não está brincando comigo não é?
- Não pai.
Na foto havia a imagem de Grogan, pai de Milton, vestido com o uniforme de seu antigo trabalho, o FBI.
- Fez bem, agora isso se tornou pessoal, seja quem for sabe quem eu sou, e isso não poderia ocorrer, agora eu e você vamos ter que pegar esse cara – disse seu pai com raiva na voz. Poderia ser algum ex-inimigo, ou apenas uma brincadeira mas em caso de segurança não poderia arriscar a sua vida ou de sua família.

- Capitão, temos um problema aqui – disse um policial ao entrar no gabinete do capitão Gomez, mesma base do detetive Milton.
- Diga soldado!
- Há duas mulheres desaparecidas, Carla Pacheco e Millena Soares – disse o policial
- E quem são essas?
- A fevereiro e a março do calendário beneficente, o mesmo calendário que Andréia Romanova.
- Ai meu Deus – a preocupação transparecia na cara do capitão – Ligue imediatamente para o detetive Milton, encontre-o nem que seja no inferno, acho que estamos lidando com algum tipo de assassino serial.

No mês que o Capitulo 2 de As Garotas do Calendário, não percam...