sábado, 28 de fevereiro de 2009

As freiras cegas de Cali

Eram dez da manhã quando a equipe de televisão brasileira chegou em Cali para uma reportagem de um convento que ficava aos pés da Cordilheira Central dos Andes, o convento era esquecido no meio do mato, e o convento de San Francisco, o único de conhecimento da igreja naquela região também não confirmava a existência do convento de San Joaquim.
A equipe de reportagem era formada por uma repórter, Camila, de cabelos rebeldes até o ombro, óculos redondos e muito bom humor, seu namorado, Mário, que era o câmera, Rebeca, a responsável pela sonoplastia e iluminação, e Hans, o diretor.
Iriam ficar no Convento de San Joaquim por quatro dias, no primeiro iriam se instalar, no segundo e terceiro fariam as gravações, no quarto dia iriam embora, depois
- Espero mesmo que haja um convento lá, ninguém tem conhecimento dessa budega! – falou Rebeca levemente estressada, era muito magra e parecia que poderia se quebrar com o menor safanão e tinha traços orientais, os que ficavam mais evidentes eram seus olhos e cabelos.
- Existe! Já até fui lá, é um lugar agradável, o problema é que a maioria das freiras são cegas. – Avisou Hans, um legitimo descendente alemão, de olhos azuis, cabelos louros bem claros e mais de dois metros de altura.
Todos no carro ficaram receados com a notícia chocante, mas não havia abalado-os.
Três horas depois, já almoçados e descansados da viagem a equipe de televisão estava ao pé da cordilheira esperando o guia, que chegou de Jipe.
- Sígueme, podemos seguir un poco más de unidad.
Subiram por mais quinze minutos, a estrada era íngreme e esburacada. Rebeca tirava fotos da mata que lhes cercavam, havia muitos sagüis naquele trecho, depois de andar mais alguns poucos quilômetros havia uma vila, onde o guia, Pablo, parou e conversar com o diretor Hans.
- Ele disse que teremos que percorrer um caminho a pé, e perguntou se queríamos parar para contratar duas ou três pessoas para nos ajudar a carregar os equipamentos, ele levará no carro dele. – Hans comunicou a todos
- Parece bom, já que temos equipamentos pesados. – respondeu Camila.
Hans voltou a falar com Pablo que em seguida saiu gritando instruções ao vilarejo em castelhano.
- Pablo conhece o povoado, falou que escolherá os melhores para nós.
O resto da viagem até o convento foi bem sossegada, ao saírem do carro para caminharem mais um quilometro a pé, Camila fez uma introdução da matéria antes da jornada a pé. Mário foi filmando o caminho a pedido de Hans, e Pablo falava de algumas curiosidades das redondezas, com a voz muito bem captada por um ponto que Rebeca tinha colocado em todos.

A altiva arquitetura do convento impressionou seus visitantes, os muros tinham seis metros de altura e havia esculpido em toda sua extensão: rosas de cinco pontas e Jesus crucificado, mantinha as cores do cimento, cinza, e musgos desciam pelas paredes. Um portão de ferro vedado era a única entrada ou saída do convento, conforme explicado pelo guia.
Um grave barulho de ferro se deu e em seguida abriu-se o portão com uma freira cega recebendo-os, vestida com um hábito preto e branco.
- Son bienvenidos – convidou a equipe de televisão a entrar, a freira sem olhos e com um sorriso alegre.
A entrada se dava para um largo terreno, onde havia caminhos com pedra para passagem, o restante era terra. No fim dos domínios do convento havia pessegueiros carregados de frutos. O que mais chamava atenção naquele pequeno pomar era que os pêssegos eram brancos, albinos.


- Por favor, sintam-se a vontade – falou uma freira em português com leve sotaque espanhol, a freira tinha boca pequena aparentava ter uns cinqüenta e cinco anos, mas havia poucas rugas em seu rosto, usava óculos de sol redondos, que provavelmente também era cega. – Sou a madre superiora deste convento, me sigam, levarei vocês aos seus aposentos.
- Hermana, me trajeron hasta aquí, pero ponerse en marcha, Hans vuelvo para sacarlos tres días en la mañana. Buenas tardes.
- Buenas – respondeu a irmã. – Eu sou a irmã Joanna, espero que não se incomodem mas tenho algumas regras aqui. Rapazes e moças terão que dormir em quartos separados, os rapazes lá no porão e as moças junto das outras irmãs. Depois das nove todos dormindo, acordamos as cinco e meia da manhã e nos recolhemos as seis da tarde, se acostumem a isso. Não é permitido o uso de celulares aqui dentro, pois o demônio pode se manifestar, então que por favor os desliguem.
Houve uma pausa enquanto a madre superiora levava a equipe para seus devidos aposentos
- Por favor, que pêssegos são aqueles na entrada? Nunca vi pêssegos iguais aqueles. – perguntou Camila entusiasmada.
- São pêssegos albinos, os mais doces do mundo só crescem nas terras do convento, as outras irmãs os consideram santos. Se quiser pode levar um pequeno pé, mas ainda não conheço ninguém que conseguiu criá-los.
Quando chegou as seis da tarde as freiras se recolheram, jantaram, oraram e tiveram um tempo livre onde conversavam, liam a bíblia em braile ou tricotavam, algumas já iam direto para seus aposentos.
Uma freira que estava do lado de Camila fez-lhe uma pergunta:
- Você sabe por que todas as freiras são cegas? – A freira era uma legítima brasileira.
- Não, por que? – questionou Camila.
- São os votos das trevas, quando nossos pecados são muito grandes, temos que fazer algum sacrifício pelo nosso senhor, então dedicamos nossas vidas as trevas, para ganharmos um pedaço do céu. Todas nós cometemos pecados mortais, mas obviamente as únicas pessoas que sabem nossos pecados são nós mesmas, a madre superiora e o padre á quem nos confessamos.
- Qual foi os eu pecado irmã?
A freira deu um sorriso amarelo desfocado de Camila e se levantou.
- Já é hora de nos recolhermos – avisou a todos.
E as freiras seguiram, umas com ajuda bengalas, outras tateando a parede pois já estavam a muitos anos no convento.
- Melhor não deixarmos nada espalhado pelo caminho por aqui – falou Mário.
Houve algumas risadas abafadas que foram cortadas por uma voz.
- La desgracia de otros, podría estar con ustedes. – disse uma das freiras.

Ao amanhecer toda da equipe se reunirão às seis da manhã para o café da manhã, mas Hans não se juntou a equipe.
- Onde está o Hans? Dormindo ainda? Ele que falou para acordarmos cedo. Eu vou procurar ele. – falou Rebeca a mesa.
- Não é necessário querida – falou a madre superiora – Hans disse que o Clóvis viria supervisionar o trabalho de vocês, e foi buscá-lo em Cali.
- Aquele gordo desgraçado, sempre querendo se enfiar em tudo só por que é sócio da emissora. – esbravejou Camila.
A madre superiora pigarreou e depois do silêncio constrangedor, fizeram a oração e apreciaram o café da manhã, onde havia muitas receitas contendo os pêssegos albinos, além da própria fruta in natura.
A manhã foi repleta de gravações, mostrando principalmente as dependências do convento para cegas, as adequações necessárias e a bíblia em braile, e de como era o cotidiano sem ter uma pessoa que enxergasse. Outro grande momento de gravação foi como era cultivado os pêssegos albinos, que as freiras não comentaram sua técnica, nem de onde conseguiram as mudas, disseram que já havia um pé ao se mudarem para aquele convento. As cinco da tarde Camila não pode se conter e perguntou?
- Por que todas as freiras são cegas? Há alguma relação o voto das trevas? O que seria realmente esse voto das trevas?
A pergunta foi feita diretamente a madre superiora, que por um instante não respondeu, como se pensasse no que responder.
- Esse é um erro comum das pessoas que ficam sabendo do nosso convento, na realidade o convento acolhe as freiras que ficaram cegas durante seu celibato, por ser um local próprio, a imaginação das pessoas corre solta. – e sorriu para a repórter.
Nesse exato momento a freira que deu essa informação a Camila entrava de volta no convento sendo seguida por mais duas freiras.
Quando deram seis horas as freiras lacraram o portão de ferro da entrada.
- Ei espera. E Hans? Ele pode chegar ainda. – rugiu Rebeca.
- Se ele não veio até agora não virá mais, o guia não vem de noite, os traficantes usam as rotas da cordilheira para o tráfico de drogas. Hans vai ser orientado a esperar na cidade. – disse a freira brasileira que havia lhe contado sobre o voto das trevas, mas agora ela estava diferente, estava fria. Algo acontecera a ela.
Camila, Rebeca e Mário ficaram juntando o material usado, enquanto as freiras entravam nas dependências do convento para o jantar, a equipe levou os equipamentos ao deposito onde as freiras haviam cedido, e depois foram ao salão principal para o jantar. Ao chegar estava vazio, nenhuma freira, nenhum prato de comida, estava tudo limpo como se as freiras não tivessem ido àquele lugar naquela noite.
A noite caia e não havia luminosidade, essa noite não haviam acendido nenhuma vela, como se esquecessem que tinham convidados que enxergavam.
- Pega a câmera Mário, use a lanterna dela para iluminar isso aqui. Rebeca fica perto de mim. Vamos subir aos aposentos das freiras para saber se elas estão dormindo já, elas não podem ter sumido assim.
Ao chegarem no corredor dos dormitórios Rebeca e Camila chamavam pelas freiras, abriam as portas mas todos os quartos pareciam estar vazios, a luz do luar lá fora não iluminava o interior dos aposentos. Ouviram passos na escada e as duas ficaram atentas, mas era Mário com a câmera.
- Ilumine os quartos por favor – pediu Rebeca
Os quartos estavam todos vazios, mas o último no final do corredor havia uma pessoa deitada e coberta. Foram se aproximando devagar da cama, e seus corações bateram mais rápido quando viram que o lençol estava manchado de sangue.
- No três - falou Mario – um, dois, três – e puxou o lençol.
Hans estava lá, morto, com o abdômen aberto, com parte do rosto retalhado e sem os olhos. Os três berraram, mas não conseguiam se mover, um amigo, morto. Havia algumas moscas em sua volta o corpo devia estar ali dês a noite passada, por isso ele não comparecera ao café da manhã.
Sorrateiramente uma freira veio por trás de Mário empunhando uma faca, que sem aviso enterrou em seu peito e foi subindo em direção do pescoço. Camila berrava e não tinha forças para salvar seu noivo e nem para correr, foi puxada pelo braço por Rebeca em direção ao corredor, para descerem as escadas e irem para o pomar de pêssegos albinos.
Tentaram desesperadamente abrir o portão um parrudo cadeado impossibilitava tal feito, algumas freiras começaram a sair do convento em direção ao portão, as garotas correram ao único lugar onde poderiam se esconder, o pomar de pêssegos albinos.
- No se puede ocultar-se... – falou uma freira com um tom de deboche na voz.
Camila e Rebeca estavam escondidas entre os pessegueiros, e as freiras caminhavam devagar na direção delas, estavam apavoradas, tentando se esconder atrás das folhas dos pessegueiros.
- Recogió estás – e uma freira que estava atrás de Rebeca enfiou suas agulhas de crochê nos olhos de Rebeca, no instinto Camila correu sem rumo, e foi atingida por um golpe de panela de ferro, caiu no chão com o nariz sangrando e cuspindo três dentes, logo depois desmaiou.

Camila acordou amarrada a uma cama, seu rosto doía violentamente, em sua volta três freiras cegas, um homem vestido de padre, ele mexia em algumas ferramentas em cima de um balcão.
- Olá – disse o padre em português no mesmo sotaque da madre superiora – que bom que se juntou a nós, estava esperando você acordar para lhe fazer o procedimento, não tem graça com a vítima desmaiada.
- Que procedimento? – perguntou Camila nervosa – Onde está Rebeca?
O padre e riu e respondeu pacientemente.
- Bom... O procedimento é abstrair seus olhos para fazer parte do nosso humilde convento, muita coragem essa a sua, a sua fé comove o coração de Deus. E quanto a sua amiga, como a irmã Lazarus já cuidou do procedimento, então ela já está em fase de aceitação de Deus – fez-se uma pequena pausa – Do nosso Deus.
- Eu não vou me juntar a essa seita imunda da qual você e essas aberrações fazem parte.
- Minha querida – e o padre apareceu na luz sorrindo, pela primeira vez Camila podia vê-lo, tinha uma estatura mediana, era magro e calvo, usava óculos e aparentava ser jovem com cerca de vinte e cinco anos. – Você não tem escolha, depois da remoção de seus olhos, você vai receber o espírito, e sua alma se libertará,dando lugar para espíritos que mereçam viver entre vós. – o padre pegou um pequeno bisturi, puxou um pesado banquinho de madeira e se sentou ao lado de Camila – O inferno está cheio, então trazemos as almas de volta ao mundo, enquanto a sua, vai para o paraíso, estamos fazendo uma troca justa. Infelizmente, os espíritos só aceitam corpos femininos, e temos que tirar os olhos por que a luz da vida que circula entre o mundo dos vivos pode destruí-los, e isso não é bom. Preparada?
E com um movimento rápido o padre rançou o olho direito de Camila e logo depois o enfaixou. Camila urrava de dor, mas nada podia fazer estava presa, se movimentou tanto que sua mão esquerda aliviou o cinto que lhe prendia.
- Em poucas horas – continuou o padre, como se nada houvesse acontecido – esse corpo não pertencerá mais a você, e aposto que estará muito melhor – o padre se ajeitou apara ter acesso ao olho esquerdo de Camila – Te contaram sobre o voto das trevas, realmente não mentiram, mas deviam ter falado nada, o voto das trevas é o ato de possessão de espírito, que expulsa o seu, um ser da trevas que o domina, e caminha livremente pelo mundo. E uma curiosidade, ao matar o corpo – e Camila conseguiu libertar a mão esquerda – A alma volta ao inferno. Preparada?
Mas antes que o padre inserisse o bisturi em seu olho, Camila juntou todas as forças que tinha e deu um soco no rosto do padre que caiu para trás. Rapidamente livrou sua mão direita, uma freira chegou a maca, correndo, mas Camila conseguiu pegar o bisturi que não havia caído e cortou a garganta da freira, logo depois ela livrou seus pés. O padre agarrou sua perna.
- Você não vai sair daqui.
No impulso, com a adrenalina a mil, Camila pegou o banquinho que o padre estivera sentado, arrumou-o com o assento virado para baixo e golpeou o padre dezenas de vezes, que por sua parou de reagir, jazia morto. Ele possuía um molho de chaves que Camila se apoderou.
Golpeou as outras duas freiras com o banco e correu, subindo as escadas em direção ao portão de entrada. Tentou as chaves do molho que estava com o padre, as freiras foram se aproximando, todas, lentamente, Rebeca estava entre elas, vestida de freira e sem os olhos, com uma venda branca tampando para não infeccionar, igual a tinham colocado em seu olho direito.
O portão se abriu.
Ao ouvirem o portão se abrir, a freiras correram desvairadamente. Camila saiu, forçou o portão para se fechar, braços cobertos pelo hábito, cruzavam a fenda do portão em sua procura. Finalmente fechou o portão, trancou por uma fechadura que havia do lado de fora, quebrando a chave lá dentro.
Camila suspirou debruçada no portão.
Ao se virar deu de cara com uma freira, que lhe mordeu o pescoço, rasgando sua jugular, ela a empurrou, mas já era tarde, se sentiu tonta e o sangue jorrava de seu corpo. Caiu rolando morro abaixo entre as folhas seca, parou ao bater em uma árvore, e lá agonizou sangrando até morrer.

No dia seguinte o convento de San Joaquim, estava como todos os outros dias, com as orações e as irmãs cuidando de seus amados pessegueiros de pêssegos albinos. Nas redondezas do convento não havia nem um corpo, nem indícios do que havia acontecido na noite anterior, os segredos do convento estavam guardados sob os pessegueiros.


Aos Starcorpianos

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Meu Amigo Rafa

Hoje poderia ser um dia como outros, mas hoje é um dia diferente...
Não porque o Papa Pio V excomunga a rainha Isabel I da Inglaterra, em 1570. Nem porque É patenteado o primeiro revólver, pelo norte-americano Samuel Colt, em 1836. E muito menos que em 1991, os países do Pacto de Varsóvia aprovam a dissolução da organização militar criada em 1955, em resposta à Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Mas sim por que em 1992, nasce o meu amigo Rafa.
O meu amigo que só conheceria muito tempo depois dele nascer. O meu amigo que ficamos muiiito tempo sem no falar. O meu amigo que só vi pessoalmente uma vez, mas que nos tornamos muito amigos. O meu amigo que confio plenamente. Um amigo que não tem maldade no coração, que sempre lhe ajuda quando precisa e um amigo que te considera como amigo não importando quem você seja.



Eu poderia escrever um livro aqui, mas vou poupar as palavras.
Rafa você já mora no meu coração. E te adimiro pra caralho. Te amo


do seu amigo
Léo

O Cinturão de Órion

A cada cem anos, uma pessoa de coração puro e generoso é resgatado pelas estrelas para vagar e iluminar pelo infinito, constituindo e aumentando o glorioso universo. Mas as estrelas, como são seres supremos, raptam a pessoa no auge de sua vida, causando grande tristeza para as pessoas que convivem com a futura estrela. Ao se tornar uma estrela, a pessoa não pode retornar, pelo menos não poderia até a primavera de 1805.

Um novo país estava se formando à quilômetros de distância do mundo velho, guerras aconteciam por todo seu território, defendendo-se da coroa e seu império que estava dominando os camponeses e fazendo-os pagar altas taxas por ocupar as terras da Coroa.
O imperador Dom Hugo II era cruel, e não poupava ninguém que atravessasse seu caminho, nem sua esposa e parentes escapavam de sua ganância e arrogância. Sua criação foi severa, mediante há torturas físicas e psicológicas pelo seu pai, para que não demonstrasse fraqueza perante seus súditos. Era alto, e com uma vasta cabeleira loura, em seus olhos era fácil perceber o rancor.
Dom Hugo II tinha dois filhos, a mais velha se chamava Alya, puxara as feições de sua mãe, que era de uma linhagem real oriental, uma linda mestiça de quinze anos, seus cabelos eram negros e lisos que batiam em sua cintura que realçavam sua pele branca como a neve e seus olhos igualmente negros transmitiam a infinidade do universo, era o espelho de sua alma e destino. Seu irmão o pequeno Hugo III, não puxara as feições orientais, se parecia muito mais com o pai, só os cabelos negros que puxara da mãe.
Certa noite, assim que a última estrela surgiu no céu, contemplando o palácio do imperador, algo aconteceu, Alya se sentiu mais leve e acordou de seu profundo sono, estava flutuando a um palmo de distancia de seu colchão. Ela não teve medo, sentiu uma sensação muito agradável, parecia um sonho, mas tinha certeza que estava acordada, era mágico, era magnífico.
Um grande barulho acordou todo o palácio, viera do quarto de Alya, soldados, empregados e o imperador correram para ver o que tinha acontecido, será que estavam sendo atacados pelos rebeldes que eram contra as novas regras impostas pela Coroa?
O telhado do castelo havia sido arrancado, de dentro para fora, e tudo indicava, que o telhado havia sido puxado. O quarto em si estava intacto, porém não havia nem sinal de Alya. Será que ela havia corrido de medo depois do ataque? Seu pai mandara procurá-la, e a procuraram durante três dias antes de alarmar os súditos, para a possível aparição da garota.


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Sete meses haviam se passado desde o misterioso seqüestro da princesa Alya, o reino, havia diminuído drasticamente as buscas deixando apenas três pessoas para tentar encontrá-la. Sua mãe, Naomi, ficara muito doente e corria o boato que estava à beira da morte, era uma mulher jovem, mas não estava suportando imaginar como estava sua filha. O imperador usava toda sua força armada para atacar os possíveis rivais que atacariam seu castelo, agia sem misericórdia, preocupado em ver sangue rolar, ao invés de procurar sua filha, o que ele sempre precisou foi um motivo para a guerra, agora ele o tinha, e estava massacrando todos os seus oponentes, esquecendo-se quase sempre de interrogar seus prisioneiros.
Janaina, uma bela jovem de dezessete anos, descendentes de índios e os primeiros europeus a visitarem o novo continente, moravam em uma vila quase vizinha do castelo do imperador e já presenciou muitas de suas barbaridades, então decidiu que tomaria uma decisão que mudaria sua vida, procuraria a princesa para que o imperador não tivesse motivos para atacar inocentes, para que ele parasse de destruir famílias.
Entrou em casa pegou uma tesoura e cortou os cabelos na altura dos ombros, vestiu uma calça de seu pai, a uma blusa a que melhor lhe serviu, se apoderou de uma espada que estava jogada nos fundos de casa, montou em seu cavalo e cavalgou durantes dias e noites para o norte. Ela não sabia o que estava procurando, mas sabia que iria encontrar, e a resposta estava no norte. Enfrentou violentas tempestades e calores escaldantes, e pode ver como estava seu domínio da esgrima quando tentaram assaltá-la. Ela se sentia poderosa e invencível.
Depois de tanto cavalgar chegou a maior cidade que já havia visto, avistou um residente e foi fazer algumas perguntas:
- Por favor, saberia me dizer se os guardas imperiais já passaram por aqui em busca da princesa Alya?
Um baixo, ligeiramente gordo com cara de rato, analisou a garota alguns instantes antes de responder:
- Senhorita, acho que anda desinformado sobre os assuntos do império, o rei suspendeu as buscas a pouco mais de um mês depois que sua esposa faleceu, ele acredita que já esteja morta, pois assim o próximo a sucessão do trono será seu filho homem e não sua filha. – Olhou bondosamente nos olhos cansados e tristes da garota e perguntou – Mas o que lhe interessa por estas bandas minha querida?
- Estou à procura da princesa Alya, já que ninguém está disposto a procurá-la, mesmo assim, obrigado senhor.
- Ei espere - interrompeu o homem com cara de rato – Sei quem pode lhe ajudá-la nessa sua missão!

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O homem com cara de rato orientou Janaina, para que procurasse uma taverna, de dois andares, em uma vila próxima a cidade em que se encontrava, a taverna teria dois andares, o primeiro andar seria o bar em si, o segundo seria seu destino, ele não especificou o que ela encontraria por lá, mas lá encontraria todas as respostas.
A única construção de dois andares existente na vila era um lugar podre, onde lembrava muito os bares dos velhos mundos onde a maioria dos seus freqüentadores, eram mendigos e bandidos.
A taverna estava fechada, chegara tarde à vila. Mas o andar de cima estava iluminado, era o único ponto onde parecia haver pessoas acordadas ainda, Janaina ajeitou sua espada, e subiu as escadas. O lugar cheirava a mofo e ao chegar ao topo da escada, havia outra escada que descia e a levava até uma porta, continuou sem medo.



Ao atravessar a porta, estava em um lugar completamente diferente de onde viera, o sol brilhava acima de sua cabeça, mas não derretia a neve que estava sob seus pés. Estava muito frio e sua roupa de um clima quente não a ajudava a se esquentar, as pessoas falavam em um idioma estranho, que ela não conhecia.
Um velho gordo, de aparência grotesca falou em suas costas:
- Você realmente está com muita pressa - Caminhou até Janaina e colocou um casaco de pele muito quente em suas costas.
O homem tinha verrugas e erosões espalhadas por seu rosto, era ligeiramente corcunda, tinha um cabelo rançoso e comprido preso com um rabo de cavalo. Mas apesar de sua aparência parecia ser um homem muito bom e descente.
- Onde eu estou? – perguntou Janaina, sentindo pela primeira vez medo, desde que iniciara sua viagem.
O homem riu alto, e todas as pessoas em sua volta olharam para ele:
- Em Liechtenstein! – parecia se divertir, por que toda pessoa devia fazer essa pergunta.
- Isso é algum tipo de mundo mágico com fadas e bruxas?
- Claro que não – e mais uma vez, o homem não conseguiu segurar sua divertida risada – Isso é um microestado situado na Europa, pouco o conhecem, mas até que é um lugar bom para se viver. É bem divertido – Fez-se uma pequena pausa – Mas o que está procurando aqui minha querida?
- Bom, encontrei um homem que disse que um tal de Doutor Hyadum poderia me ajudar.
Nisso uma mendiga cai na neve com uma garrafa de bebida, sem ter forças para se levantar o chão foi ficando amarelo em sua volta, ela estava urinando, e estava rindo, pois chão momentaneamente ficou mais quente.
O taverneiro que observava, voltou os olhos para Janaina.
- E o que você busca?
- A princesa Alya. Ela é única que pode acabar com a era de terror que está em nosso reino.
- Entendo, então você precisará de uma coisa. Aguarde aqui um instante.
O homem voltou para dentro da taverna e depois de alguns instantes voltou com o cavalo branco de Janaina.
- Não sabia que cavalos subiam escadas. – perguntou intrigada
- Para tudo se dá um jeito querida – deixando Janaina mais intrigada – Siga pela estrada de neve até o pico daquela colina – apontou uma colina ao longe – lá a senhorita encontrará o doutor Hyadum.
Nisso a mendiga, se levantou e caminhou até Janaina, ela tinha cabelos negros e usava um chapéu grande, seu rosto tinha algumas feridas, mas era difícil se ver pois os cabelos e o chapéu tampavam. Cheirava a urina e álcool. E resmungou algo na língua nativa de Liechtenstein, o alemão.
- Ela quer ir com você – disse o taverneiro. – Leve ela, quem sabe não consiga fazer com que ela volte a ser o que era.
- E o que era?
- Se eu contar estragarei a surpresa, ela te ajudará pelo caminho.
Sem reclamar Janaina montou no cavalo e foi cavalgando lentamente com a mendiga andando logo atrás, dando goles em sua garrafa de rum.
Antes de o homem voltar a taverna Janaina gritou de longe:
- Qual o nome dela?
- Ron Mika – gritou o taverneiro.
- E o seu?
- Me chame de João.
Seguiram pelo caminho passado por João, o taverneiro, com Janaina no cavalo e Ron caminhando e falando às suas costas coisas indecifráveis.

--//--

Pouco mais de uma hora de jornada, Janaina andava a frente do cavalo, puxando as rédeas com Ron jogada em cima do cavalo, pois havia desmaiado de tanto beber. Não morrendo de vontade não podia deixar uma mendiga jogada no meio do nada pra ser devorada por lobos. Então a levava, mas pretendo deixá-la no próximo vilarejo.
O frio tomava conta de seu corpo, e ao mesmo tempo a noite caia em Liechtenstein, decidiu tomar um pouco da bebida que Ron levava, e que por nada no mundo soltava a garrafa. Foi devagar, e ao encostar na garrafa, Ron começou a berrar desesperada, a certou a garrafa no nariz de Janaina. Viu a neve se manchar de vermelho, e depois a dor a fez desmaiar.

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Quando acordou sentiu o nariz gelado, Ron tinha colocado uma bola de neve em seu nariz para aliviar a dor, também colocará uma atadura para que a nariz não se movesse.
Ao se sentar notou a mendiga feito uma fogueira e estava assando dois coelhos, em fogueira que a ajudavam a aquecer e espantar os animais selvagens provenientes dos bosques que a cercavam. Notara que a mendiga lhe tratara muito bem, e deve tê-la machucado no susto, pois uma mendiga deve sofrer muito.
As duas tentaram se comunicar através de mímica e muitas vezes até se entendiam, dividiram a garrafa de da bebida que Janaina achou seu um mistura de várias bebidas, as mais percebíveis era rum e gim, que havia provado em seu povoado em muitas festas que tinha.
Desde que chegará a terra estranha Janaina não tinha reparado na neve, nunca vira neve em sua vida, mas não ficou animada em vê-la, era bonita, diferente mas não chamava sua atenção. Admirou a neve pensando no que contar quando voltasse para casa, para seus pais e amigos, até adormecer.

--//--




Na manhã seguinte chegaram seu destino, a morada do doutor Hyadum. Era uma pequeno castelo ao alto de uma colina, ao entrarem foram recebidos por xingos e mais xingos em alemão, Janaina não se sentiu tão mal pois não entendia nada do que o homem falava, e Ron começara a revidar aos berros com o velho.
Seus cabelos iam até o ombro e sua barba igualmente branca chegava no peito era como veludo, sua voz era grossa e meio rouca, ele era alta e usava um bata azul marinho.
- Desculpe – guinchou Janaina.
Hyadum olhou para ela e parou de falar, mas Ron continuava berrar com uma louca, Janaina fez um gesto para ela se calar, e ela o fez.
- Mas que merda que vocês fazem aqui sem ao menos bater na porra de minha porta? – Guinchou o velho com um sotaque em alemão. – Aparecem na casa dos outros de madrugada sempre lá na merda do país escravo de onde você veio sua negrinha!
- Só vim aqui, pois me disseram que o senhor poderia me ajudar a encontrar a princesa de meu reino, e salvar-nos do nosso tirano imperador. – falou Janaina com firmeza.
- Isso é problema seu. Agora pode ir embora. Tenho mais o que fazer. Para o tipo de pessoa que vive em seu reino – e olhou com ar de superioridade para Janaina – Vocês tem um imperador maravilhoso, que vai ensinar vocês a deixarem de ser selvagens.
- Seu povo também não é nada educado – retrucou Janaina olhando para Ron, que erguia sua vasta saia e urinava em tapete de Hyadum.
Ao ver aquilo xingou ainda mais em alemão a mendiga, que novamente começou a berrar desvairadamente para o anfitrião. Janaina achou graça e conteve-se dando um leve sorriso. Que o doutor Hyadum percebeu.
- Quando ela sumiu?
- A uns oito meses - respondeu Janaina surpresa.
- Algum fato sem explicação, tipo um ataque, com coisas destruídas, sendo ninguém formalmente acusado pela destruição?
- Sim
- Uhm... ta bom, pode ir embora não tem nada a fazer, adeus, mande lembranças minhas ao imperador.
- Você nem vai pegar sua... Sua bola de cristal e ver onde ela está?
- Você é retardada? Bola de cristal? Sou alquimista e não feiticeiro. Burra. Ela foi seqüestrada por estrelas, não tem como trazê-la de volta, a cada cem anos as estrelas pegam a pessoa de coração mais puro, para iluminar o céu, e se juntar ao infinito do universo. Não há como resgatá-la.
Sua jornada foi em vão, voltaria para casa sem como ajudar seu povo, e Dom Hugo II continuaria oprimindo seu povo.
- Há não ser... – sibilou o alquimista – que esteja disposta a dar sua vida para salvar a princesa.
Muitas vidas dependiam disso, então corajosamente falou que estava disposta, que a aventura lhe faria bem. Doutor Hyadum sorriu:
- Então me sigam.
Janaina e Ron se viram em uma enorme onde não havia telhado. O alquimista pegou a garrafa de Ron e a jogou pela janela, q era no ultimo andar de seu palacete, Ron berrou e quis atacar o alquimista, mas foi impedida por Janaina q a segurara.
- Estamos kits, destruiu meu tapete e eu sua garrafa. – a seguir deu-lhe um copo com uma substancia ver de gosmenta e falou em alemão para ela beber – Isso vai desintoxicá-la falei que era bebida com o maior teor alcoólico existente.
Depois de mexer em vários frascos Hyadum perguntou:
- Estão prontas? – Em português e em seguida em alemão, as duas concordaram – Isso vai ser divertido.
Uma estava de costas para a outra, Hyadum colocou mão com a palma virada para cima, logo abaixo da boca e baforou, uma bola de fogo se formou, e se estendeu até em direção das duas, envolveu-as numa grande bola de fogo que ficou azul e foi clareando até sumir.


--//--


- Nem bêbada eu me senti assim na minha vida, é muito... Bizarro, sabe onde estamos coisa? Ah... Você não me entende...
- Não sei onde estamos Ron – Janaina cortou as palavras de Ron. – Nossa – surpreendeu-se – Eu te entendo. Você me entende?
- Sim entendo – respondeu Ron – Aquele velho me enganou, nem to mais bêbada, não posso enfrentar nem a realidade sóbrea, imagine isso aqui.
O lugar era como um imenso corredor, com o chão em granito negro e podia-se ver nitidamente o reflexo delas, como em um espelho, ao fim do corredor havia uma porta branca, não havia paredes, o que as cercavam era o universo, júpiter estava no campo de visão delas, ficaram maravilhadas com aquilo tudo.
Ron logo se cansou de todo aquele fenômeno e procurou dentre suas roupas uma garrafa de gim, encontrou e deu um longo gole, que no primeiro trago bebeu metade da garrafa. Janaina olhou-a de soslaio.
- Servida? – ofereceu Ron Mika.
- Não obrigada – Ron virou a garrafa e esvaziou-a, depois jogou a garrafa no espaço.
As duas caminharam até a única porta existente, Ron foi cambaleando, falando para si mesma “Esse espaço se mexe muito, nem consigo ficar de pé”, e resmungando outras coisas que Janaina não compreendeu. Ao chegarem à porta tentaram abrir o trinco, mas a porta estava trancada, depois de Ron tentar abri-la deu um chute na mesma.



Atrás delas uma voz doce e suave disse-lhes:
- Só os puros de coração conseguem abrí-la, se não conseguem abrir não podem entrar.
As duas se viraram e contemplaram uma mulher alta e loura que vestia um avantajado vestido branco, era magra, e clara como a lua. A mulher chegou até a porta e abriu a porta e disse:
- Ninguém nunca chegou até aqui antes, vocês só podem ter sido enviadas para uma grande missão. As estrelas perderam há muito tempo, seu líder, Antares, a partir daí as estrelas tem feito grandes besteiras. – a mulher abriu a porta e desapareceu na frente das duas.
- Sinto que você queria perguntar alguma coisa para ela - falou Ron.
- Sim, eu queria.
- Bom é fácil, vamos fechar a porta e esperar ela aparecer para abrir de novo ai perguntamos. – retrucou Ron já fechando a porta.
- Não – Janaina empurrou a porta e entrou no recinto, seguida de por Ron.
Era um enorme salão, dava-se a impressão de ser infinito, e disposto uniformemente diversos globos de luz. Ao se aproximar Janaina viu que os globos continham pessoas dentro, e abaixo uma numeração.
- São estrelas ecoou uma voz no salão.
Janaina reconheceu a voz da mulher lhe abrira a porta e decidiu procurar entre as infinitas esferas a princesa Alya.
- Ela está em algum lugar por aqui – falou Janaina para Ron
- Pode procurar eu não tenho pressa não, acabei de achar uma garrafa de rum, e só de olhar esse tanto de orbes já me cansa. - fez-se uma pausa enquanto Janaina procurava a princesa Alya entre as esferas – Pensando bem, nem posso te ajudar, nem conhecia a dita cuja.
Ron tinha razão, e Janaina procurou sozinha por entre os orbes, depois de alguma horas à encontrou.
- Ron você pode me ajudar aqui? – mas estava muito longe de onde a amiga tinha ficado,e provavelmente já estaria desmaiada de tanto beber.
Janaina enfiou os braços dentro do orbe e puxou Alya pelos braços, ela estava com antes, com muito esforço retirou-a do orbe e deitou-a no chão.
- Acorda princesa, acorda – dando leves tapinhas em seu rosto.
- Você não vai tirar ela daqui. – falou uma mulher de roupa negra e cabelos igualmente negros e desgrenhados, envolta de seus olhos uma olheira negra e funda, dando-lhe um visual demoníaco – Supernova, prazer.
Apontou o indicador de onde brilhava uma centelha negra.
- Daqui você não sai.
A mulher caiu inconsciente, Ron Mika, havia quebrado sua garrafa de Rum na cabeça de Supernova.
- Me deve uma dose de rum agora, cara pálida – falou para a Supernova.
As duas carregaram a princesa, cada uma de um lado puxando Alya. Ron estava com passos tortos e a princesa pendia para seu lado. A princesa foi arremessada trinta metros à frente. Supernova acordara e disparara sua magia sem rumo, que acabou acertando Alya, as duas correram para a princesa para ver se tudo estava bem. Ron caiu na metade do caminho escapando por um triz de também ser atingida.
- Raios da morte, nenhum humano resiste a esse feitiço – falou a mulher que abrira a porta - Fujam daqui enquanto podem, eu cuido dela.
- Você nunca foi páreo para mim Mallina – falou Supernova arremessando três feitiços da morte seguidos.
Mallina lançava um feitiço que eram orbes brancos e Supernova bolas de fogo negras, quando os feitiços se colidiam, havia uma grande explosão.
Janaina correu até Alya, e estava tentando desesperadamente reanimá-la. Ron passou pelo seu lado, agarrou-a pelo braço e bradou:
- Ela está morta, não ouviu a giganta. - voltavam pelo caminho da onde tiraram Alya, voltar para porta era perigoso, pois havia uma guerra ali.
De repente todo o barulho sumiu, e houve apenas silêncio. Um feitiço da morte cortou o ar acertando em cheio a mendiga, seu corpo foi atirado para dentro de um orbe, e lá desfaleceu, flutuando dentro da esfera de luz.
Supernova surgiu a alguns metros de Janaina, com seis bolas de fogo negras dançando ao seu redor. Janaina empunhou sua espada em forma de combate, mas se lembrara de quando era criança e seu avô de origens indígenas havia lhe ensina a lançar uma lança em um alvo a metros de distância, teria que ser rápida, mas mesmo assim precisava de proteção, com certeza ela lançaria seus raios da morte, então notara que as esferas que aprisionavam as estrelas não tinham nenhum dano, viu que a que estava logo ao lado de Ron, estava vazia e bolou seu plano. Jogaria a espada e pularia para trás, dentro da esfera das estrelas. Não sabia se poderia sair dali, mas manteria sua vida.
As duas se entreolharam durante muito tempo se preparando para o ataque, olho por olho, as duas não se mexiam mais. Janaina arremessou a espada no mesmo momento em que Supernova atirou seus seis feitiços de uma vez. A espada que era mais fina na ponta e engrossava conforme chegava mais perto do cabo atravessou o peito de Supernova e os raios da morte acertaram o orbe em que Janaina pulou dentro, conforme seu plano.
Ficou esperando Supernova cair morta, mas não aconteceu, ela começou a rir loucamente. A espada a atravessara, mas só a ponta, havia dois planos de lamina a sua frente e quatro dedos á suas costas.
- Você foi muito boa querida, mas tinha que perfurar meu coração, mas foi por pouco, eu lhe admiro, mas agora vou...
Ela não conseguiu terminar a frase, o resto da espada atravessou seu corpo, seu sangue negro corria pelo chão, e em seguida para o lado. Atrás dela estava a princesa Alya, que puxara a espada pelo pequeno pedaço lamina que havia ficado em suas costas. Como a espada era mais grossa perto do cabo, a lamina cortou seu coração. Supernova jazia morta aos pés da princesa.
- Você foi atingida pelo raio da morte, como sobreviveu? - disse Janaina que estava surpresa.
- Não sei – respondeu a princesa.
- Uma estrela não é um humano, estrelas só morrem quando sua chama não pode mais queimar e iluminar o universo – ecoou a voz de Mallina pelo salão.
- Acho que sou uma estrela então também - falou Ron desanimada, como se sofresse da maior ressaca do universo. Janaina também se surpreendeu da amiga também estar viva.
Alya ajudou Janaina e Ron a sair dos orbes todas elas usavam vestidos brancos. Ron Mika estava linda, nem lembrava a mendiga que era, estava sóbrea e cheirosa. Então as três caminharam em direção a porta para irem embora.
- Ron quem é você na verdade? Da onde você veio? – perguntou Janaina se lembrando da conversa que teve com o taverneiro.
Ron sorriu e respondeu
- Sou a princesa de Liechtenstein. E você?
- Uma mera camponesa. – respondeu Janaina desanimada por estar acompanhada de duas princesas.
- Na verdade – Sibilou a voz Mallina – As estrelas sabem de toda a história da Terra, pois existíamos antes de a vida existir. Você Janaina, é descendente da um reino extinto, quando seu pais foi invadido pelo Velho Mundo, teoricamente, você também é uma princesa. Essas foram as última palavras que ouviram antes de voltarem para a terra.


--//--


Estavam em um lugar completamente diferente, havia coisas que elas nunca viram antes, objetos metálicos se locomovendo rapidamente, outros objetos metálicos voando, construções que pareciam chegar no céu.
- Duzentos e três anos, foi tempo em que estiveram fora – Um homem de roupas estranhas, mas era muito normal para aquele lugar em que estavam.
- Onde estamos? - Perguntou Allya, em português.
- Estão na Terra, na China, o tempo passou.
- E quem é você? – perguntou Ron, em alemão.
- Você mija no meu tapete e não se lembra de mim – Respondeu o homem em alemão.
Janaina viu que voltaram ao norma, Ron voltara a falar sua língua nativa.
- Sou Hyadum, também sou uma estrela, por isso estou vivo aqui.
- Minha jornada foi a toa, não consegui salvar meu povo do imperador. – Alya nem se importou, sabia que seu pai era um monstro.
- Bom, é ai eu você se engana, vou contar uma historinha para vocês.
Hyadum contou ás garotas, que as estrelas são seres supremos no universo, que são elas que geram a vida, que o sol que ilumina o planeta é uma estrela e quem sem ele não haveria vida, que as estrelas podem mudar o destino dos humanos, que um bom governo estelar pode trazer grandes benefícios a todos. Deus eram as estrelas, e que por isso todos somos filhos de Deus.
Elas ficaram abismadas com a revelação, então Hyadum completou.
- As estrelas existem, no passado, presente e futuro, lá o tempo é único, o céu estrelado que se vê hoje, é o mesmo que se vê a mil atrás, e o mesmo que se vê daqui a mil anos, por isso as novas estrelas, que por exemplo decidam ser estrelas hoje, serão vistas antes esmo de o planeta Terra existir. – deu um sorriso sacana e continuou – E as estrelas agora, precisam de um líder, pois Antares, desistiu de ser estrela, e resolveu vir cuidar dos humanos aqui. Aqui ele era conhecido como Jesus. – uma pequena paus - Se querem mesmo fazer a venham comigo.
Andou alguns passos até um aglomerado de árvores. Primeiro foi Alya, seguida de Ron e depois Janaina. Hyadum estava em uma clareia. As garotas se juntaram a ele que colocou mão com a palma virada para cima, logo abaixo da boca e baforou, uma bola de fogo se formou, envolveu-os numa grande bola de fogo que ficou azul e foi clareando até sumir.

--//--


Assim Alya, Janaina e Ron se tornaram estrelas, sendo ministradas por Hyadum, que também voltou a ser estrela, e as três, com justiça governaram o universo, passado, presente e futuro, em tudo o que foi possível.
Hoje elas zelam pela vida, sempre de olho no planeta Terra, as três não se separaram desde que enfrentaram a Supernova. São conhecidas por Mintaka, Alnilan e Alnitaka, o a constelação é conhecida como Cinturão de Órion ou mais popularmente como As Três Marias.



Colaboração de Pate, Nádia e Lu.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Stairway to Heaven


There's a lady who's sure all that glitters is gold
And she's buying a stairway to heaven
When she gets there she knows if the stores are all closed
With a word she can get what she came for
Oooh... And she's buying a stairway to heaven

There's a sign on the wall but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings
In a tree by the brook there's a songbird who sings
Sometimes all of our thoughts are misgiven

OoohÂ… It makes me wonder
OoohÂ… It makes me wonder

There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking

OoohÂ…It makes me wonder
OoohÂ…And it makes me wonder

And it's whispered that soon, if we all called the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forest will echo with laughter

Woe woe woe woe woe oh...

If there's a bustle in your hedgerow
Don't be alarmed nowIt's just the spring clean for the May Queen
Yes there are two paths you can go by
but in the long run
There's still time to change the road you're on

And it makes me wonder…
ohhh ooh woe...

Your head is humming and it won't go in case you don´t know
The piper's calling you to join him
Dear lady can you hear the wind blow and did you know
Your stairway lies on the whispering wind

And as we wind on down the road
Our shadows taller than our souls
There walks a lady we all know
Who shines white light and wants to show
How everything still turns to gold
And if you listen very hard
The tune will come to you at last
When all are one and one is all, yeah
To be a rock and not to roll
Oooh...!

And she's buying a stairway to heaven...


O Amor nos Tempos do Vestibular

2008 se foi...


Mas naquele ano, foi o que senti mais distante de minhas meninas, minhas meninas super poderosas. Minha marida, minha amante e minha carranca.



Nossas vidas se cruzaram há quase 4 anos, mas tenho certeza que nos conhecemos em vidas passadas à pelo menos 2000 anos. E novamente nos encontramos, pois estamos fadados a nos encontrar em toda nossa eternidade.

Confesso que ao terminar o cursinho, certamente nunca mais nos veríamos, mera ilusão, estamos aqui, até hoje, brincando e brigando, rindo e chorando, fazendo bolos u ajeitando a Pate para ser a próxima modelo da lata do leite moça (que por sinal eu ainda não terminei).

Nossas brigas são bobas, resumidas a não pagar mais sorvetes ou no máximo algumas horas sem se falar, essa amizade é como uma nostalgia infantil.

É tudo tão bom, que tenho medo que seja um sonho!






Mas em 2008 ficamos mais distantes, era o último ano de escola delas e estava se preparando para o vestibular, as vezes se senti abandonado, mas eu acreditava que isso era temporário, tudo voltaria como era antes, mas o ano foi passando e as coisas foram só se tornando mais distante, e distante e distante. Mas o ano acabou, finalmente.

E voltamos a nos ver muito, tudo voltou a ser feliz. Mas como ninguém é perfeito. Esqueci-me do aniversário da Lú.E um dia estava de ovo virado, no dia em que elas queriam contar a grande façanha da Nádia, ela havia passado na unicamp e iriam para a praia, não me contaram, não consegiram, por um momento achei que tudo havia acabado, mas não acabou...






sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Quantas vidas você tem?

Julgava que uma pessoa que rouba o seu amor, e seu amor é tudo que você tem não é uma boa pessoa, portanto decidi que o mataria. Cheguei a conclusão naquele final de tarde de outono quando te vi passar com seu novo namorado e sem nunca me dar uma única chance de lhe confessar todo o amor que sentia, o amor que eu demonstrava a você com olhares, com sutis pistas.
Planejei que na manhã seguinte lhe convidaria apenas para uma conversa amigável e assim colocaria meus planos em ação, não tinha medo das conseqüências. Não tinha medo de nada. O importante é que eu me livraria de uma vez por todas de todo esse amor que sinto por você, dessa paixão incalculável.
Dormi como um anjo e acordaria na manhã seguinte como o próprio demônio.
Naquela manhã ensolarada tudo estava claro, naquele dia haveria um assassinato e assim todos os meus problemas estariam acabados.
Ao abrir a janela do meu quarto a primeira coisa que vi foi você, caminhando de mãos dadas com o seu namoradinho, e este seria o último dia. Tomei um fantástico café da manhã e te liguei, como quem não quer nada. Lembrei-me que estava com o meu DVD, e perguntei se podia me devolver, estava tudo perfeito para atrair a isca, e então ao fim do telefonema em quatro horas você estaria entrando pela porta de minha casa. Esperei pacientemente as 13:00 horas você estaria aqui comigo.
As horas pareceram séculos, o tempo não passava, eu tinha que me livrar de você, até decidi que naquela madruga jogaria seu corpo em alguma lixeira do centro da cidade, seria um latrocínio, então aproveitaria para te roubar. Estava preparado caso chegassem a mim, mas estava vendo de tudo para continuar sendo uma pessoa livre, já que teria me livrado do meu maior problema, e assim seria uma pessoa muito mais feliz.
Sempre pontual você chegou, exatamente as 13:00 horas, lhe ofereci um café que você gentilmente aceitou, nunca conheci uma pessoa tão carinhosa e compreensiva quanto você, acho que era por isso que eu te amava incondicionalmente.
Servi-lhe o café, e me devolveu o DVD, sem nenhum dano. Tanto cuidado em um objeto alheio. Pedi que me esperasse enquanto eu guardava o DVD, e o guardei, lá havia uma faca e minhas luvas, coloquei as luvas, peguei a faca e fui até sua direção, você estava de costas, foi muito fácil, te esfaqueei pelas costas dezenas de vezes, caiu e inconsciente e sem vida. Pronto tudo tinha acabado.
Limpei o sangue, te ajeitei em um canto da casa até nossa partida pela madrugada, peguei seu celular, e o dinheiro que tinha na carteira, por sinal me apaixonei por pobre, pois havia apenas dois reais com você.
Quando chegou as nove, decidi que iria tirar um cochilo até as 2:00 da manhã...

Acordei com sol batendo na janela do quarto, dormi de mais, agora teria que esperar até a próxima madrugada, espero que não apodreça no minha sala. Mas algo aconteceu, ao abrir a janela do meu quarto, lá estava você caminhando sob a manhã de outono com seu novo namorado de mãos dadas.
Será que foi um sonho?Mas foi tudo tão real...
Caminhei por toda a casa, e estava claro que foi um sonho, apenas um sonho. Mas o plano já estava pronto e no sonho deu certo, eu o faria de novo.
Te liguei. Você chegou pontualmente. Tomou o café. Te esfaqueei. Limpei seu sangue. Esperei a madrugada chegar assistindo televisão, quando estava bem tarde e nenhuma alma mais andava pela rua, joguei seu cadáver na primeira lixeira, voltei para casa e dormi como um bebê. Pronto, finalmente eu consegui.

Na manhã seguinte, acordei muito mais feliz que o normal, estava tudo acabado, finalmente eu me livrei de você. Abri a janela do meu quarto o sol brilhava no céu como se estivesse iluminando o meu feito do dia anterior, mas ao olhar para a rua o impossível, você e seu namorado caminhando de mãos dadas.
Que dia é hoje? 28 de maio, o dia em que eu te matei, o dia se repetiu de novo.
Será que eu sonhei de novo? Não podia ser... Vou colocar meu plano mais uma vez em prática, e dessa vez nada vai dar errado, terei certeza que te matei.
Te liguei. Sai pela cidade, pelos becos onde se vendiam drogas, comprei uma arma. Ao voltar para casa você já havia chegado, sempre pontual. Ofereci-lhe o café. Guardei o DVD. E ao voltar dei três tiros em sua cabeça. Para ter certeza de que aquilo não era um sonho, dei um tiro no meu pé. A dor foi insuportável, portanto não estava sonhando, dormi na esperança de encontrar o seu cadáver, na manhã seguinte estirado na cozinha.

Mais um dia raiou, e minha dúvida era olhar a cozinha ou olhar pela janela do quarto. Decidi olhar pela janela e lá estava você, novamente, caminhando de mãos dadas com o seu namorado, olhei a cozinha, estava intacta. Não havia um revolver comigo. Peguei uma faca e sai correndo de pijamas pela rua até te encontrar na esquina de casa. Cortei sua garganta antes que pudesse me ver, e esfaqueei seu namorado no peito, corri até em casa peguei dinheiro e fugi. Todos haviam visto o que eu tinha feito, era praticamente um fugitivo, mas não dei sorte, fui preso, acusado de homicídio doloso, este dia foi comprido na delegacia, mas pelo menos eu te matei, e dessa vez havia muitas testemunhas. Dormi bem tranqüilo, eu consegui.

Acordei na minha cama. Achei que estava fadado a passar toda minha eternidade naquele dia, abri a janela e te vi. Vou seguir com o plano mais uma vez. Te liguei. Comprei Veneno. Você chegou pontualmente. Envenenei seu café. Você tomou. Você morreu. E no dia seguinte estava caminhando com o seu namorado na rua de casa. Era um eterno 28 de maio.

Te esfaqueei. Te envenenei. Te degolei. Te estripei. Te queimei. Te afoguei. Te empalei. Te explodi. Te eletrocutei. Te atropelei. Te enforquei. Te espanquei. Atirei em você. Amassei sua cabeça com uma estátua. Fiz você tomar um litro de ácido sulfúrico e você sempre amanhecia na porra da porta da minha casa com o merda do seu namorado.

Mas de nada adiantou acordei mais uma vez com você caminhando pela rua da minha casa.

Eu já te matei mais de mil vezes. Quantas vidas você tem? Eu só preciso de uma para ser feliz.
Naquele dia sai correndo para te encontrar na rua, você estava na esquina, gritei seu nome, você me olhou com o seu doce olhar, se despediu do seu namorado, e ele confiava plenamente em você. Então te disse.
" Quando eu te vejo, meu sorriso se abre involuntariamente, sinto que meus olhos brilham, perco o ar, e o meu dia se completa só de te ver. Eu me sinto impotente em relação a você, tanto é que já tentei me livrar de você mil vezes, mas eu não consigo, o destino interfere e não deixa. Eu te amo inexplicavelmente, não quero atrapalhar seu namoro, te amo de mais para te ver infeliz e muito menos nas mãos de alguém que te faz mal. Mas vejo nos seus olhos que você o ama. Não quero que fique em dúvidas sobre seu amor. Te amo. Desculpa, eu precisava colocar isso pra fora, mas fica de boa, pra você essa conversa nunca existiu."
E uma faca encravei em seu coração, tive medo de sua reação, não agüentaria ser rejeitado por você, então não deixei você dizer uma única palavra, acredito que nunca saberei o que me falaria.
Acredito que essa noite vai ser diferente e vou acordar amanhã e não hoje como tem acontecido há pelo menos três meses, e vou perder minha liberdade fazendo um ato de me libertar. Me libertar de você. Mas só amanhã, saberei como isso vai acabar.

[D.A.C.]

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