sábado, 1 de agosto de 2009

Eutanásia

A auto-estrada estava parada no sentido interior, um congestionamento se formava e já estava com mais setenta quilometros. Um acidente envolvendo seis veículos, um caminhão e uma moto que causara a paralisação da via estadual. Luzes piscavam por todos os lados, vermelhas azuis e brancas, na fila que se formava de carros ouvia-se buzinas e gritos. Uma multidão se formava em volta do acidente, a pista parecia ter sido lavada a sangue, havia ao todo dezesseis vítimas, dentre elas nove fatais, incluindo duas crianças de seis e dez anos.
Os paramédicos estavam cuidando dos feridos, em especial um rapaz de vinte e pouco anos que estava num gol vermelho, a garota que o acompanhava havia morrido na hora e seu estado era grave. Estavam prestando os primeiros socorros, mas esperavam um helicóptero a mais breve possível para tentar salvar sua vida, ele já havia perdido muito sangue, parecia sofrer de traumatismo craniano e havia cortes profundos em seu abdómen, ele já estava imobilizado na maca, só esperando sua condução para o hospital.
O som das hélices do helicóptero cortaram o céu que estava anoitecendo lentamente, o helicóptero pousou na estrada, e em questão de segundos levantou voo novamente levando consigo o jovem ferido.
Foram mais de seis horas de cirurgia, e mais dezesseis dias na UTI, o rapaz entrou em coma, sem uma previsão de quando retornariam seus sentidos. Sua família teria descobrido nesse espaço de tempo que o garoto ficaria tetraplégico, e uma pessoa tão vivaz quanto ele não podia ficar assim. Sua mãe ficou no hospital praticamente o dia todo, todos os dias, mas no décimo sexto dia da internação do filho ela não apareceu, e nesse dia, o seu filho não resistiu e morreu.

O hospital não soube explicar o que havia acontecido, seu quadro era estável, e disseram os médicos que os aparelhos o mantinham vivo, era praticamente impossível aquela morte, eles tinham salvado sua vida. Mas como a medicina não é uma ciência exata, todos tiveram que se conformar com aquela morte repentina, e teoricamente, inesperada.
O velório foi grandioso, muitos amigos apareceram para prestar sua última homenagem, havia fúria nas pessoas, pois, o causador do acidente, o motorista do caminhão já estava em sua casa com sua família, enquanto o rapaz, tão bom com um futuro brilhante, estava morto.
O enterro ocorreu com sem problemas, sua mãe caia aos prantos e abraçou o caixão para que não levassem a cova, mas nada traria seu filho novamente a vida. E no fim todos se dispersaram com os rostos inchados de tanto chorar.
A mãe da vítima foi para casa junto com a seu marido e sua irmã, onde juntos dariam forças um para o outro. mas naquela noite a mãe, saiu para rua para colocar um lixo na rua, de madrugada. O marido dela ouviu e foi atrás.
- Ei, calma, não precisava fazer isso a essa hora da madrugada - disse o marido com uma voz condolente.
A mulher viu as boas intenções do marido, abriu-lhe um sorriso leve e disse.
- Eu sonhei com ele - e uma lágrima rolou de seu rosto - Ele me agradeceu - o marido lhe abraçou - Eu estive com ele o tempo todo quando passou por esse tempo difícil, eu o visitei todos os dias.
- Eu sei querida - respondeu o marido. E a mulher entrou deixando o marido sozinho na rua escura.
O homem olhou para a única sacola na lixeira, e antes de entrar, conferiu o que a esposa havia jogado fora, e dentro do saco, havia uma roupa de enfermeira, bordado com o símbolo do hospital em que seu filho faleceu.


2 comentários:

squilljv disse...

nao entendiiiiiiii

Kelly Rodrigues disse...

nossa, bolhas de ar introduzidas no soro?