sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Quantas vidas você tem?

Julgava que uma pessoa que rouba o seu amor, e seu amor é tudo que você tem não é uma boa pessoa, portanto decidi que o mataria. Cheguei a conclusão naquele final de tarde de outono quando te vi passar com seu novo namorado e sem nunca me dar uma única chance de lhe confessar todo o amor que sentia, o amor que eu demonstrava a você com olhares, com sutis pistas.
Planejei que na manhã seguinte lhe convidaria apenas para uma conversa amigável e assim colocaria meus planos em ação, não tinha medo das conseqüências. Não tinha medo de nada. O importante é que eu me livraria de uma vez por todas de todo esse amor que sinto por você, dessa paixão incalculável.
Dormi como um anjo e acordaria na manhã seguinte como o próprio demônio.
Naquela manhã ensolarada tudo estava claro, naquele dia haveria um assassinato e assim todos os meus problemas estariam acabados.
Ao abrir a janela do meu quarto a primeira coisa que vi foi você, caminhando de mãos dadas com o seu namoradinho, e este seria o último dia. Tomei um fantástico café da manhã e te liguei, como quem não quer nada. Lembrei-me que estava com o meu DVD, e perguntei se podia me devolver, estava tudo perfeito para atrair a isca, e então ao fim do telefonema em quatro horas você estaria entrando pela porta de minha casa. Esperei pacientemente as 13:00 horas você estaria aqui comigo.
As horas pareceram séculos, o tempo não passava, eu tinha que me livrar de você, até decidi que naquela madruga jogaria seu corpo em alguma lixeira do centro da cidade, seria um latrocínio, então aproveitaria para te roubar. Estava preparado caso chegassem a mim, mas estava vendo de tudo para continuar sendo uma pessoa livre, já que teria me livrado do meu maior problema, e assim seria uma pessoa muito mais feliz.
Sempre pontual você chegou, exatamente as 13:00 horas, lhe ofereci um café que você gentilmente aceitou, nunca conheci uma pessoa tão carinhosa e compreensiva quanto você, acho que era por isso que eu te amava incondicionalmente.
Servi-lhe o café, e me devolveu o DVD, sem nenhum dano. Tanto cuidado em um objeto alheio. Pedi que me esperasse enquanto eu guardava o DVD, e o guardei, lá havia uma faca e minhas luvas, coloquei as luvas, peguei a faca e fui até sua direção, você estava de costas, foi muito fácil, te esfaqueei pelas costas dezenas de vezes, caiu e inconsciente e sem vida. Pronto tudo tinha acabado.
Limpei o sangue, te ajeitei em um canto da casa até nossa partida pela madrugada, peguei seu celular, e o dinheiro que tinha na carteira, por sinal me apaixonei por pobre, pois havia apenas dois reais com você.
Quando chegou as nove, decidi que iria tirar um cochilo até as 2:00 da manhã...

Acordei com sol batendo na janela do quarto, dormi de mais, agora teria que esperar até a próxima madrugada, espero que não apodreça no minha sala. Mas algo aconteceu, ao abrir a janela do meu quarto, lá estava você caminhando sob a manhã de outono com seu novo namorado de mãos dadas.
Será que foi um sonho?Mas foi tudo tão real...
Caminhei por toda a casa, e estava claro que foi um sonho, apenas um sonho. Mas o plano já estava pronto e no sonho deu certo, eu o faria de novo.
Te liguei. Você chegou pontualmente. Tomou o café. Te esfaqueei. Limpei seu sangue. Esperei a madrugada chegar assistindo televisão, quando estava bem tarde e nenhuma alma mais andava pela rua, joguei seu cadáver na primeira lixeira, voltei para casa e dormi como um bebê. Pronto, finalmente eu consegui.

Na manhã seguinte, acordei muito mais feliz que o normal, estava tudo acabado, finalmente eu me livrei de você. Abri a janela do meu quarto o sol brilhava no céu como se estivesse iluminando o meu feito do dia anterior, mas ao olhar para a rua o impossível, você e seu namorado caminhando de mãos dadas.
Que dia é hoje? 28 de maio, o dia em que eu te matei, o dia se repetiu de novo.
Será que eu sonhei de novo? Não podia ser... Vou colocar meu plano mais uma vez em prática, e dessa vez nada vai dar errado, terei certeza que te matei.
Te liguei. Sai pela cidade, pelos becos onde se vendiam drogas, comprei uma arma. Ao voltar para casa você já havia chegado, sempre pontual. Ofereci-lhe o café. Guardei o DVD. E ao voltar dei três tiros em sua cabeça. Para ter certeza de que aquilo não era um sonho, dei um tiro no meu pé. A dor foi insuportável, portanto não estava sonhando, dormi na esperança de encontrar o seu cadáver, na manhã seguinte estirado na cozinha.

Mais um dia raiou, e minha dúvida era olhar a cozinha ou olhar pela janela do quarto. Decidi olhar pela janela e lá estava você, novamente, caminhando de mãos dadas com o seu namorado, olhei a cozinha, estava intacta. Não havia um revolver comigo. Peguei uma faca e sai correndo de pijamas pela rua até te encontrar na esquina de casa. Cortei sua garganta antes que pudesse me ver, e esfaqueei seu namorado no peito, corri até em casa peguei dinheiro e fugi. Todos haviam visto o que eu tinha feito, era praticamente um fugitivo, mas não dei sorte, fui preso, acusado de homicídio doloso, este dia foi comprido na delegacia, mas pelo menos eu te matei, e dessa vez havia muitas testemunhas. Dormi bem tranqüilo, eu consegui.

Acordei na minha cama. Achei que estava fadado a passar toda minha eternidade naquele dia, abri a janela e te vi. Vou seguir com o plano mais uma vez. Te liguei. Comprei Veneno. Você chegou pontualmente. Envenenei seu café. Você tomou. Você morreu. E no dia seguinte estava caminhando com o seu namorado na rua de casa. Era um eterno 28 de maio.

Te esfaqueei. Te envenenei. Te degolei. Te estripei. Te queimei. Te afoguei. Te empalei. Te explodi. Te eletrocutei. Te atropelei. Te enforquei. Te espanquei. Atirei em você. Amassei sua cabeça com uma estátua. Fiz você tomar um litro de ácido sulfúrico e você sempre amanhecia na porra da porta da minha casa com o merda do seu namorado.

Mas de nada adiantou acordei mais uma vez com você caminhando pela rua da minha casa.

Eu já te matei mais de mil vezes. Quantas vidas você tem? Eu só preciso de uma para ser feliz.
Naquele dia sai correndo para te encontrar na rua, você estava na esquina, gritei seu nome, você me olhou com o seu doce olhar, se despediu do seu namorado, e ele confiava plenamente em você. Então te disse.
" Quando eu te vejo, meu sorriso se abre involuntariamente, sinto que meus olhos brilham, perco o ar, e o meu dia se completa só de te ver. Eu me sinto impotente em relação a você, tanto é que já tentei me livrar de você mil vezes, mas eu não consigo, o destino interfere e não deixa. Eu te amo inexplicavelmente, não quero atrapalhar seu namoro, te amo de mais para te ver infeliz e muito menos nas mãos de alguém que te faz mal. Mas vejo nos seus olhos que você o ama. Não quero que fique em dúvidas sobre seu amor. Te amo. Desculpa, eu precisava colocar isso pra fora, mas fica de boa, pra você essa conversa nunca existiu."
E uma faca encravei em seu coração, tive medo de sua reação, não agüentaria ser rejeitado por você, então não deixei você dizer uma única palavra, acredito que nunca saberei o que me falaria.
Acredito que essa noite vai ser diferente e vou acordar amanhã e não hoje como tem acontecido há pelo menos três meses, e vou perder minha liberdade fazendo um ato de me libertar. Me libertar de você. Mas só amanhã, saberei como isso vai acabar.

[D.A.C.]

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Um comentário:

Unknown disse...

poxaa... bom demais, mas deixa com sede pra uma continuaçao inexistente

c nao devia parar