sábado, 6 de junho de 2009

Um dia a mais

A continuação de "Quantas vidas você tem?"

Mais um 28 de maio, meu eterno pesadelo. Depois de minha declaração e de seu assassinato, mais um dia acordei naquela manhã de outono, mas precisamente no dia 28 de maio. Aquela manhã tinha algo de diferente, mesmo te vendo de mãos dadas, não queria te matar. Sua reação no dia anterior foi tão pacífica que eu tinha esperanças...

Precisava desabafar, precisava que você soubesse o amor que sentia, o amor que era capaz de roubar, morrer e até matar. E eu matei. Várias vezes.
Eu não tinha nenhum plano dessa vez, coloquei meu roupão e fui atrás de você, e lá estava você na esquina de casa se despedindo de seu namorado. Ofegante cheguei até você, alguma coisa irradiava de seu semblante, meus olhos não tinham outra direção se não seu rosto, meu coração parecia palpitar por você, eu suava muito, estava nervoso. Antes de qualquer palavra queria que minha boca encontra-se a sua, mas não seria digno de você, senti medo, nem pensando em seu assassinato senti tanto medo do que colocar aquelas palavras para fora, meu coração estava apertado.
“Não quero enrolar dessa vez”
“O que? Houve outras?” retrucou você.
“Não importa. Eu te amo."
“Como assim?”
“Sou apaixonado por você desde que te vi naquele barzinho perto da escola, foi algo que tomou conta de mim, mas como eu ainda namorava não podia deixar que um desejo desse tomasse conta de mim, logo depois você começou a namorar aquele cara de barbicha lembra? E eu me separei, não podia estragar aquele momento seu, eu te esperei, fui duro. Aquele sentimento de desejo que senti quando te vi nunca passou, você largou o barbicha e começou a namorar outro, você deu um tempo antes de namorar de novo, mas não tive coragem de me aproximar...”
“Eu nem sei o que dizer, é tudo tão... repentino”
“Você deve ter reparado meus sorrisos bobos todas as vezes que conversava com você, meus olhares”
“Não eu nunca notei, eu nem imaginaria isso de você... Nossa, realmente não sei o que dizer”
“Me desculpe se incomodei, mas precisava falar estava entalado na minha garganta a muito tempo”
Fui abraçado, senti minha alma se aquecer, foi tão bom, em seguida um beijo no rosto.
“Olha, acabei de sair de um relacionamento, esta ruim pra mim, pois eu amava muito Éder, mas ele encontrou outra pessoa, então não estamos mais juntos”
Não sabia o que fazer, o que falar, mas era a melhor coisa que eu já provara, aqueles sentimento, me sentia um Deus, e tudo poderia acontecer naquele momento. Um café da manhã foi meu convite naquele momento, e você aceitou.
Foi o melhor café da manhã da minha vida, tinha de tudo na mesa aquele dia, parecia até mágica, até pãezinhos recheados com tomate seco tinha, você os comeu, odeio tomate seco. Não durou muito tempo e você se foi, mas minha alma estava satisfeita, como uma pessoa podia fazer tanto outra feliz? Nunca soube a resposta, nem o feitiço que você tinha sobre mim.
Aquela tarde caminhei com você pelo centro da cidade enquanto fazia suas coisas, eu era apenas a companhia, mas só de ter você ao meu lado tudo era lindo, tudo era mágico.
Naquela noite nos despedimos com um abraço e um beijo no rosto, não tinha coragem de lhe roubar um beijo, não queria estragar nada. Em seguida fiquei com medo de dormir e acordar no mesmo dia, o maldito 28 de maio, sem esperanças de você se lembrar de mim. Custei a cair no sono, mas dormi esperando um novo dia.

--//--

Acordei, foi uma noite mal dormida, tinha medo... Abri a janela. O tempo estava nublado, com o céu se abrindo aos poucos, você e seu ex-namorado já não passavam na rua de mãos dadas. O tão esperado dia, desde o tempo em que você morria pelas minhas mãos, o dia seguinte. Eu não tinha mais reação, você amava? Sentia algo por mim? De novo o medo, sempre o medo, o medo de não dar certo, o medo de ser rejeitado, o medo de ser um sonho. Tudo estava tão calmo, nada podia dar errado, afinal o dia mudou. Mas antes de tanta certeza precisava me certificar. Te liguei, você lembrava de tudo do dia anterior, tudo era surreal, um sonho que virou realidade. E aproveitando te chamei para almoçar. Me senti o Hannibal Lecter cozinhando para você, ainda mais depois de conhecer meu lado homicida, frio e calculista. Entrada, prato principal e sobremesa. Foi meu cardápio para você.
O almoço foi ótimo, minha comida recebeu o melhor elogio, melhor que qualquer critico gastronômico, o seu. Ao final, não conseguia resistir, precisava sentir meus lábios nos seus, seria um êxtase, mas não queria destruir o momento perfeito.
“Me dá um beijo?” disse com a voz trêmula de nervoso.
“Como assim um beijo?” e seu rosto demonstrou um certo apavoramento. Me senti mal, não podia ter estragado tudo, fui em sua direção, e te dei um beijo no rosto.
“Assim” Disse, me sentindo muito sem graça pela situação.
Você sorriu, e depois de acompanhei até sua casa.
Nos veríamos novamente a noite, e aquilo era o ápice da minha felicidade.
Voltei a cuidar de mim, parei de fumar, tudo para estar sempre bem, bonito e cheiroso ao seu lado. Minha vida tinha mudado completamente, nem eu me via mais a pessoa de três dias atrás, que ambos foram 28.
Sentei a mesa num bar, a sua espera, só me importava você naquele momento, meus amigos todos conversavam, eu pescava alguns assuntos, pois estava esperando sua pessoa surgir no horizonte vir se encontrar comigo.
Dito e feito, você apareceu do outro lado da rua, me levantei e caminhei para te encontrar, assim que atravessasse a avenida estaria de frente para mim. Você não me viu a sua frente, e atravessou a rua.
Um ônibus em alta velocidade não deixou você chegar do outro lado, foi rápido estranho, triste. Corri desesperadamente, imaginando, querendo acreditar que tudo estava bem. Seu rosto magnífico, havia se desfigurado, os lábios que tanto sonhara já não existiam mais. Meu grito cortou a noite, me seguraram para não me aproximar de você, não podia ser, era um pesadelo. Minhas forças se esgotaram, não consegui chegar até você. Queria tirar todos aqueles curiosos do seu redor, mas não podia, cai em prantos, sem força, sem vontade de viver, acabou.
Meus amigos me levaram para casa, cuidaram de mim, estava em choque, melhor amigo dormiu comigo na cama e mais um dia, o tão desejado dia seguinte, talvez fosse melhor que nunca tivesse acontecido.
Acordei naquela manhã um lixo, mas sozinho na cama, abria janela e céu estava nublado e estava se abrindo.
“Mais um dia 29, mas dessa vez eu vou te salvar e você não vai morrer, essa é minha segunda chance. Hoje eu vou te salvar”
“Você está melhor?” Veio uma voz por trás de mim, me virei devagar, era meu amigo que carregava uma caneca de café para mim.
“Que dia é hoje?”
30” respondeu ele
Minhas pernas não agüentaram meu peso, era real, foi tudo real, aqueles dois dias pareceram dois meses. Eu não podia acreditar que havia acabado daquela forma, eu ia te matar, mas sem ter nenhuma relação com você e assim não sofreria tanto. Conheci o amor para depois ele me destruir, antes nunca tivesse conhecido. Junto com sua morte, grande parte de mim também se foi.
Hoje 1° de junho, tenho esperanças de viver mais uma vez a mágica do dia 28 de maio, e passaria a eternidade ao seu lado. Para sempre vou te amar.

Ass: Leonardo Oschiro

9 comentários:

Anônimo disse...

Léo, q tragicamente lindooooo!!!
ameiiiiiiiiiiii!!! *-*

. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
. disse...

O mais legal de tudo é que mesmo se eu lesse esse texto em qualquer outro lugar, ia dar para saber que era seu. Do mesmo que dá pra reconhecer um filme do Tim Burton pelo aspecto "sombrio" que ele dá aos personagens e ao cenário, dá para te reconhecer com o seu jeito que vem de dentro, um pouco confuso, apaixonado, revoltado, mas bem sincero que você coloca nas palavras de seus textos.
Ele tá 'bonito único diferente', bem como você.

. disse...

(escrevi 'que você colocam' e fiquei com vergonha, porque estava muito feio!)

Leon Capiton disse...

Veri biutifu.

Kelly Rodrigues disse...

=0
ficou lindo demais.
fiquei até tensa.

squilljv disse...

chorei de novo sua puta!

Pati (Corporação Estelar) disse...

Ahhhh!! Eu tava mó animada achando q ia dar td certo, mas foi vc que fez neh, nunca ia dar certo no final huahuahu
Mto bom! ^^

Thaís Tiemi Yamasaki disse...

Genial!! Conto trágico e ao mesmo tempo maravilhoso. Também tive esperanças de que desse tudo certo no fim, rs. Mas o final triste é que o tornou tão profundo e significativo *-*