sábado, 21 de março de 2009

Para Bagdá, obrigado por todas... Henry Jon

Senti o chão tremer.
Não, não era o álcool no meu sangue, subindo à cabeça! Ou será que era? Isso seria, tipo, um enigma do universo para mim. Possivelmente o tremor foi bem menor do que o que eu senti, afinal, as três garrafas de vinho barato que eu tomei podem provocar até um tsunami.
Não estranhe meus pensamentos desconexos, isso sim é o álcool!
Logo percebi que era, tipo, uma galerinha do lado de lá, ah, você sabe, os caras do Saddam jogando granadas. Escapei de uma por pouco. O engraçado é que quando eu estou, tipo, não bêbado, mas alcoolizado (porque é mais bonito - que nem eu aos olhos de mamãe) eu escapo de todas as encrencas, como das vezes em que o general deixou de me punir porque eu estava, tipo, em coma alcoólico. Ah, bons tempos esses de ontem, até parece que foi hoje.
Opa, isso foi um tiro? Droga, de quem é esse braço no qual acabei de tropeçar? Ah, droga, arranquei um dedo fora quando tropecei. E agora? Ele vai querer guardar, com certeza. Vou colocar no bolso.
Sabe, olhando por esse ângulo até ficou sexy, a posição que ele caiu... Já sei, vou pôr o dedo decepado na boca dele. Ah, agora sim, isso sim é um homem sexy.
Às vezes tenho a impressão de que quando fico alcoolizado fico meio homossexual (outra palavra tão bonita quanto eu).
Droga, to tão alcoolizado (já to enjoando de falar bonito) que vejo luzinhas vermelhas brilhando no meu uniforme camuflado.
Credo, to sentindo que tem alguém me observando.
Cadê minha garrafa? Perdi!
Será que está no chão? Opa parece que alguma coisa passou por cima da minha cabeça. Ei, um cara atrás de mim acabou de ser baleado e...Droga, tropecei de novo.
Ei, tropecei numa granada. Por que será que o povinho de lá está gritando tanto? Ah, já sei, a granada é deles! Vou jogar!
“É de vocês? Podem ficar!”
Droga, não era para ter explodido.
Opa, meus colegas estão comemorando!Não sei o motivo, mas festa é festa!
“Vamos beber!!!”



Texto escrito por Luiza Ohana Bravo

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