As autoridades buscavam explicações de como um piano havia aparecido no banco de areia do dia para a noite em meio à Baia Norte em Florianópolis, apareceu por lá, sem deixar rastros de quem poderia ter colocado-o no meio do mar. Apesar de tudo a água não o alcançava, nem mesmo com a maré alta , ele havia sido colocado no ponto mais alto do banco, e as águas salgadas só poderiam alcançá-lo se o mar se revoltasse devido a uma tempestade, mas isso não o deixara livre de hospedes como gaivotas que se abrigavam nele pouco a pouco.
A população também estava intrigada com a aparição do piano, que chamava muita atenção dos alunos da Universidade Federal de Santa Catarina, cujo principal acesso era pela avenida Beira-Mar Norte que antes fora parte da Baía, mas tivera que ser aterrado em alguns trechos para a construção da avenida.
O primeiro dia do piano misterioso estava prestes de acabar, era um lindo por do sol, quando se ouviu um melodia, vinda de longe, mas logo as pessoas que estava próximas viram uma figura junto ao piano que tocava Fantasie Impromptu de Chopin, em pouco tempo parecia que todos na cidade tinham parado para contemplar o show que acontecia num banco de areia na Baia Norte. A musica começava com algumas notas lentas em seguida de notas rápidas e incessantes como a vida eram disposta de forma uniforme e melodiosa.
Alguns tentavam identificar o pianista, os que olhavam de binóculos notavam que usava fraque e uma máscara branca que lhe cobria todo o rosto, mas devido ao sol que batia diretamente nele era difícil ver os detalhes. Outros apenas ouviam a musica que parecia emanar do mar, ela soava baixa, mas todos podiam ouvi-la ao longo da orla da praia. Aos poucos a areia da praia abrigava uma multidão que assistia ao concerto ao ar livre do desconhecido com o piano misterioso, logo, as notas rápidas e furtivas se transformaram numa melodia mais amena, onde se percebia que as notas pareciam descer para outro nível e em seguida se tornar uma musica mais calma, como se quisesse dizer “vai com calma na sua vida, pare um pouco, relaxe, tome um café”. Neste momento eram poucas as notas que podiam ser ouvidas por todos, mas estas acalmavam a musica depois de uma saraivada de notas fortes, era um momento de relaxar.
Eram poucos os que trajavam roupas de banho, a maioria estava vestida como se acabassem de sair do trabalho, que de fato tinham o feito, apesar da ânsia de quererem voltar para casa, do cansaço, sucumbiram à musica que lhes remetia a própria vida, e estes foram os que pareciam mais admirar a obra de Chopin. Eles não sabiam, mas de certa forma, todos compartilhavam do mesmo sentimento. Então novamente as notas fortes e rápidas voltavam, como se a vida continuasse hiperativa, dia após dia, como num circulo vicioso onde todos vivem, descansam e um novo dia, com novas experiências, surgiria.
Ao fim da musica ela novamente se tornava lenta, mas em um tom mais fúnebre, e depois de algumas notas agonizantes ela terminava, morria. Todos que compartilharam dessa experiência na Baia Norte se sentiram tocados por aquele ato, como se a musica tivesse tocado suas almas, alguns saíram chorando, outros sorrindo e com a chegada da noite, e o fim da melodia a multidão foi se dispersando pouco a pouco, alguns esperavam outra musica, mas a escuridão tomara conta do banco de areia e era difícil dizer se o pianista ainda estava por lá.
Um comentário:
isso aconteceu comigo, mas na pedreira do chapadão e com um homem tocando violoncelo... vale?
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