Os olhos enxados de tanto chorar refletiam a tristeza de sua indignação. A primeira condenação que recebeu, mesmo que indiretamente foi de Deus, pois, como era católica, a igreja condenava o ato de amar uma pessoa do mesmo sexo, então, todos aqueles anos indo a igreja e orando antes de dormir de nada valiam, Deus não a amaria mais. Quando ela apresentou Pamela aos pais, foi sua segunda condenação, ela fez o que achava certo, mesmo que Deus não a amasse mais, pelo menos a verdade tinha que ser dita. Mas sua ingenuidade a levou a maior briga que houve em sua vida, mesmo com Pamela segurando sua mão, a reação dos pais a destruiu por dentro.
Aos poucos ela não tinha mais amigos, as feridas invisíveis por ser diferente doíam, nada preenchia aquele vazio. Pamela a trocou por outra, e assim se foi seu porto seguro.
As drogas começaram a lhe trazer uma ligeira alegria de volta, mas iam embora rápido e não compensava, então ela desistiu, e hoje caminhava para sua última tentativa de acabar com tudo.
Ao chegar no parapeito ela deu apenas um grande suspiro e se inclinou ligeiramente para frente até que um vento forte percorre-se sua face, o vento da liberdade daquela vida sem amor, sem amigos, sem expressão e sem Deus.
Um comentário:
Trágico. um tapa na cara da sociedade marcada pelo preconceito, em um tema polêmico em jogo. Gostei do efeito de "chocar" o leitor, mas uma pessoa depressiva e de mente fechada pode ser induzida ao suicídio se pensar muito nessa crônica.
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