Eram seis da manhã na orla na praia de Maresias, em São Sebastião , litoral de São Paulo. Haviam várias pessoas se amontoando para ver o que estava acontecendo, uma barreira policial matinha a multidão curiosa longe da cena do crime.
Um espaço começou a se abrir, e um homem alto, de cabelos curtos e negros mostrou sua identificação ao policial que mantinha as pessoas afastadas, ele ajeitou seus óculos redondos e caminhou fazendo farfalhar a capa que vestia em direção a um outro policial de mais idade e bigodes vastos.
- Bom dia coronel Gomes, o que temos aqui em pleno 1° de janeiro? – perguntou o policial que acabara de chegar.
- Homicídio, mulher branca de aproximadamente vinte e sete anos, um tiro no peito – respondeu o coronel – Eu acho desnecessário chamar o senhor da capital para vir aqui, qual mesmo o seu nome? Detetive?
- Milton, pode me chamar apenas de Milton. Qual a causa da morte?
- Tiro no peito, pelo menos é o que tudo indica. Bom... fique a vontade filho a cena do crime é sua, meu turno acaba em duas horas.
A areia estava molhada, chovera a noite passada, o seu estava nublado e uma neblina leve tomava conta de toda a cidade. O detetive Milton, que era alto com quase um e noventa de altura se agachou ao lado do corpo e ergueu o pano branco que o cobria para verificar as condições do corpo.
- Nada mau – disse em voz baixa – Temos alguma pista por aqui? – perguntou em seguida em voz alta para os outros policiais da perícia.
Um jovem policial, magro, de cabelos ruivos chegou até o detetive e lhe entregou um saco de evidencia, dentro havia uma rosa negra.
- Foi encontrado junto ao corpo, nas mãos dela, junto ao peito – disse o perito – Antes porém tirei algumas fotos do corpo assim que cheguei, a mulher que encontrou o corpo está ali, sentada junto aos paramédicos.
- Qual o seu nome? – perguntou Milton.
- Pedro senhor.
- Certo Pedro, depois preciso conversar com você sobre o cão, agora vou interrogar a mulher para liberá-la logo.
- Senhor? O senhor sabe por que o chamaram aqui? – perguntou Pedro meio receoso.
- Me chame de Milton, apenas Milton, sem formalidade por favor. Mas não sei, por que me chamaram aqui? - perguntou o detetive intrigado.
- A vítima, é Andréia Romanova, atriz dessa novela que ta passando. Saiu até naquele calendário beneficente para ajudar as crianças com câncer.
De súbito o detetive correu ao corpo, e olhou novamente, realmente era a atriz no qual Pedro falara.
- Leve a moça a um hospital e tire o corpo daqui antes que a imprensa chegue.
- Alguém sabe a identidade da vítima? – perguntou baixo ao perito.
- Só os policiais, a mulher não a reconheceu.
- Ótimo. Pessoal venham todos aqui, por favor – e todos os policiais ficaram em volta do detetive – Sem comentários sobre o homicídio para a imprensa quero isso limpo o mais rápido possível.
Ao longe na avenida Milton já podia ver a imprensa chegando, agora sabia que o chamaram para manter descrição no caso, ele era ótimo nisso. Aquela imagem o lembrara de quando era criança, Milton crescerá em São Sebastião , mas a cidade em suas lembranças era ensolarada e quente, não se lembrava daquela cidade cinza e fria.
Poucas horas depois estava o detetive na estrada de volta a São Paulo, pedira a transferência do legista Pedro para a mesma base em que trabalhava, não apenas o bom serviço do rapaz o fizera a pensar dessa forma, mas Pedro era o irmão mais novo de um antigo colega seu que havia falecido há alguns anos atrás, Lucas. Foi Lucas quem conseguiu para Milton uma das melhores posições policiais graças a seus contatos. Quando o detetive soube da morte de seu colega, nem pode acreditar e isso lhe deixou mal, logo depois ele se casou com a sua namorada de vários anos, Rita. Hoje quase seis anos depois, tudo estava calmo, e s trabalhos policiais de Milton era um dos melhores do país, onde já havia ganhado vários prêmios. O celular toca.
- Oi querida – responde Milton feliz ao ouvir sua mulher.
- Amor, você virá jantar em casa hoje? Tenho novidades – percebia-se a felicidade da esposa em sua voz.
- Não sei, é um caso difícil, mataram uma celebridade.
- Ai não acredito, me conta, quem?
- Sabe que não posso, mas quando chegar em casa conversamos, um beijo.
Aquele crime despertara sua atenção, ele precisava resolvê-lo, e iria direto ao IML onde fariam a necropsia de Andréia Romanova.
A imprensa não falava nada além da morte de Andréia Romanova e o deslizamento de terra em Angra dos Reis, repórteres cercavam o IML e a delegacia de polícia. Mesmo que fosse para se manter o sigilo, uma hora a notícia teve que ser liberada e rumores já circulavam. O capitão Matheus Vieira fizera o anuncio publico e que nenhuma possibilidade havia sido descartada.
Milton acompanhou a autópsia, o vestido da jovem estava manchado de sangue apenas na região onde a bela a acertará, deduzira que ela já estava morta quando o tiro foi dado, também havia marcas de cordas em seu pescoço.
- O assassino é provavelmente canhoto – disse o legista ao detetive, o legista um senhor de mais de sessenta anos tinha os cabelos brancos desgrenhados, obeso e tatuagens cobriam seu braço direito inteiramente – Veja que as marcas mais fortes provem do lado esquerdo da moça, deduzindo que o assassino a pegou por trás na mesma direção que ela – o legista explicava e encenava no detetive – Sua mão mais forte era a esquerda, portanto, canhoto.O tiro realmente foi pós-morte. Vou mandar amostras de sangue par verificar se havia algo diferente em seu organismo.
- Obrigado Seo Carlos, eu vou ao capitão pedir um mandato para verificar o apartamento da moça e conversar com parente e amigos mais próximos.
- Hoje? Em pleno primeiro de janeiro? – perguntou Carlos, o legista.
- Minha vontade é, mas não me deixaram, amanha eu começo.
Eram quase oito da noite quando Milton chegou em casa, sua casa um sobrado no Morumbi, bairro da classe alta de São Paulo, estava toda iluminada apenas por velas, sua esposa chegou carregando duas taças de vinho vestida com um vestido longo de festa azul, estava maquiada e de cabelos encaracolados soltos. Seu corpo era escultural, e uma alegria tomava conta de sua cara.
- Qual motivo da comemoração – perguntou para esposa enquanto ela lhe entregava uma taça de vinho.
Ela sorriu, um sorriso jovial e inocente.
- Estou grávida! – respondeu ela de uma só vez.
Os dois se beijaram, e a comemoração nem teve o jantar, ela rumou direto para o quarto.
A noite estava silenciosa, uma leve garoa caia sobre o detetive que estava no quintal de sua casa fumando um cigarro, mania adquirida com seu amigo Lucas, do qual sempre se lembrava. O assassinato daquela atriz fazia-o sentir algo diferente, uma sensação de que aquilo tinha algo grandioso por trás, ainda mais, por terem tentado encobrir a verdadeira causa da morte.
Os dias que se seguiram foram sombrios, nenhum dos amigos e parentes mais próximos à Andréia davam uma pista clara que pudesse auxiliar a policia em uma busca. Ex-namorados, colegas de trabalho, empregados, amigos, todos interrogados, mas Andréia estava sumida desde o dia vinte e oito de dezembro, ela era uma pessoa reservada e gostava de passar as festas de fim de ano sozinha, a alguns anos atrás perderá o filho de câncer, desde então ela passava sozinha tanto o natal como o réveillon. Haviam mais pessoas a serem interrogadas, mas Milton quisera ver se havia alguma cosa no apartamento da vitima antes.
Por se tratar de uma celebridade o mandato de busca na casa da vítima, veio mais rápido que o de costume, não se passara nem sete dias desde sua morte. O mandato estava nas mãos de Milton e junto com a sua equipe de perícia estavam partindo para o apartamento da vítima no centro da cidade quando um carro parou, e de lá saiu Pedro o perito de São Sebastião.
- Consegui a transferência hoje, assim que recebi o recado já vim, tudo bem? – disse o rapaz alegre.
- Seja bem vindo, se junte a nós, vamos para a casa da vítima, depois você acerta as coisas, sem problemas não é capitão?
O capitão estava na porta da delegacia quando o rapaz chegou, era um homem alto, forte e negro, não tinha cabelos mas seu bigode já começava a mostrar alguns fios brancos.
- Os papéis já estão certos, ele pode ir sim – disse com sua voz grossa e imponente.
O caminho abria-se feito o mar para Moisés, as sirenes dos carros policiais tocavam alto, Pedro ficara fascinado com o tamanho da cidade e seus prédios glamorosos, nunca vira a cidade desse ângulo.
Os policiais foram bem recepcionados pelos moradores e funcionários do condomínio, Andréia vivia sozinha, tinha apenas um gato branco em seu apartamento que apesar de tantos dias só parecia estar bem. Logo toda a equipe se espalhou pela casa em busca de pistas, cada uma em seu devido lugar apenas Pedro e Milton não tinham um lugar certo entre os outros. Milton começou a rodear a casa, apenas observando enquanto Pedro foi junto aos peritos que estavam na cozinha.
O detetive entrou em um escritório onde havia um computador e com foto virada de cabeça para baixo, no verso da lia-se “Mãos sujas de sangue inocente”, cuidadosamente Milton com um lenço virou a foto, ao olhar a foto seus olhos ficaram paralisados, não poderia ter uma foto dessas aqui, era impossível.
- Detetive? Encontrarão sinais de luta no quarto da vitima. – de súbito, Milton escondeu a foto no bolso de sua calça – Há algum problema senhor? – perguntou o perito de meia idade e olhos cansados.
- Não, não, eu já vou indo... Obrigado – respondeu pasmo.
Ele sabia que era crime ocultar provas, mas o que fazia aquela foto na cena do crime, ainda mais com uma frase dessas “Mãos sujas de sangue inocente”? A missão do prédio ocorreu sem mais problemas, Milton conversou com os moradores mas ninguém vira a pessoa que pegou a atriz em seu lar, o circuito de câmeras também não pegou nenhuma imagem, o assassino por enquanto era um fantasma para os policiais.
Naquela noite, Milton viajara sozinho ao interior do estado, estava de frente á porteira de um sitio, devagar ele saiu do carro e abriu o portão, entrou com o carro foi em direção a uma casa iluminada. Havia uma senhora sentada num banco comendo alguns doces. Milton saiu do carro e foi em direção a velha que olhava para o rapaz que se aproximava de sua casa.
- Oi mãe – disse Milton.
- Filho vem pra cá, fiz brigadeiros hoje, prove um – e enfiou na boca do filho que pensava em recusar – que saudade, veio dar feliz ano novo para nós? Mas você só falou que vinha semana que vem! – ela abraçava muito o filho.
- Não mãe é algo importante, onde está o papai? – disse Milton sem jeito, pois, não queria estragar a felicidade da mãe, algo o perturbava e precisava resolver isso de uma vez.
- Com os cavalos meu filho, vai lá! – a mãe sorriu e viu o filho contornar a casa para ir ao estábulo.
Grogan, o pai de Milton, era um velho de cabelos grisalhos e corpulento, tinha um nariz de batata e olhos azuis, ele estava de costas para o filho, mas sabia que era ele.
- Boa noite meu filho – sua voz era bonita e grave – O que te trás aqui?
- Pai, sabe aquele assassinato do qual estou cuidando? – Havia preocupação em sua voz.
- Da atriz não é?
- Isso, tem algo que o senhor precisa saber – deu-se uma pausa – Eu roubei uma evidencia, talvez a mais quente que temos até agora, mas antes que brigue comigo olhe.
Milton entregou a foto ao pai, que ao olhar seus olhos se dilataram.
- Não está brincando comigo não é?
- Não pai.
Na foto havia a imagem de Grogan, pai de Milton, vestido com o uniforme de seu antigo trabalho, o FBI.
- Fez bem, agora isso se tornou pessoal, seja quem for sabe quem eu sou, e isso não poderia ocorrer, agora eu e você vamos ter que pegar esse cara – disse seu pai com raiva na voz. Poderia ser algum ex-inimigo, ou apenas uma brincadeira mas em caso de segurança não poderia arriscar a sua vida ou de sua família.
- Capitão, temos um problema aqui – disse um policial ao entrar no gabinete do capitão Gomez, mesma base do detetive Milton.
- Diga soldado!
- Há duas mulheres desaparecidas, Carla Pacheco e Millena Soares – disse o policial
- E quem são essas?
- A fevereiro e a março do calendário beneficente, o mesmo calendário que Andréia Romanova.
- Ai meu Deus – a preocupação transparecia na cara do capitão – Ligue imediatamente para o detetive Milton, encontre-o nem que seja no inferno, acho que estamos lidando com algum tipo de assassino serial.
No mês que o Capitulo 2 de As Garotas do Calendário, não percam...
2 comentários:
Caraleoooooooooo ameeeeeeeeeeeeeiiiiiiii
mto bom! *-*
escreve o do mes q vem logoooo!!!
O enredo está muito envolvente, Léo! Me fez lembrar de um livro que eu li e amei chamado "Rosas para Lembrar", onde o assassino deixa uma rosa no local da vítima desaparecida.
Muito bom, parabéns!
E quanto mais você escrever só irá melhorar o seu ritmo de narrativa. Logo, ninguém irá te segurar.
;D
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