- Bom dia, posso ajudar em alguma coisa? - disse a vendedora encarando os olhos da cliente, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado e com um sorriso sinistro que lhe estampava a cara.
- Não obrigada, estou dando apenas dando uma olhada - respondeu a cliente de forma sutil.
- Qualquer coisa que a senhora precise meu nome é Laura.
- Obrigada.
A cliente passou estantes de perfume olhando as marcas dos perfumes, em alguns arriscava ver o preço e em outros sentia a fragrância usando pequenos pedaços de papel para espirrar o perfume. Por volta do terceiro perfume, a cliente foi novamente abordada por Laura, a vendedora.
- Não, assim a senhora não consegue sentir toda a fragrância que os nossos produtos lhe proporcionam, a alma do perfume é perdida. Vou ensinar a senhora como fazer para melhor sentir o cheiro dos perfumes - ela pegou um 212 VIP da prateleira e o espirrou no ar, perto do rosto da cliente. Aquela senhora pode sentir os respingos de perfumes bater em seu rosto, e para ela nada mudara do cheiro - Viu? É assim que a senhora deve fazer!
- Muito obrigada querida, mas eu prefiro sentir os cheiros pelo método antigo mesmo - a cliente respondeu não querendo ser grossa com a garota.
- Ah! Tudo bem.
A vendedora sorriu e saiu de perto, indo até o centro da loja com seu sorriso assustador e sua pele perfeita. Devia ser pré-requisito para a vaga as vendedoras parecerem Barbies em tamanho real.
Logo a cliente voltou a para a prateleira e a olhar o catalogo de perfumes, após algum tempo um odor caiu sobre suas narinas, um cheiro forte, enjoativo...
- Esse é Flower by Kenzo e acho que é perfeito para a senhora - novamente a vendedora olhava com seus olhos penetrantes, um sorriso macabro e a inclinada, segurando a frasco de perfume pronta para a qualquer instante acionar a válvula de escape do perfume e ferir o olfato da cliente.
- Não minha filha, eu não quero esse perfume, eu quero escolher! Obrigada - neste momento a cliente estava ligeiramente estressada com a atitude da vendedora. Como ela podia agir assim?
Virou as costas e foi em direção oposta e caminhou até ser chamada novamente pela vendedora.
- Senhora?
Ao virar uma rajada de Hypnotic Poison da Dior atingiu seus rosto. A cliente tossiu e replicou:
- Chega! Eu vou embora daqui! Eu não aguento mais você!
- Calma senhora, esse perfume combina muito com a senhora, leve ele. - e colocou nas mãos da cliente.
- Eu não quero! - disse a cliente gritando e devolvendo o perfume.
- Mas é perfeito para a senhora! - e novamente devolveu o perfume a cliente.
- Eu vou embora daqui! - empurrando o perfume de volta a vendedora.
- Leve! A senhora não vai se arrepender - não aceitando o perfume que a cliente tentava devolver.
- EU NÃO QUERO ESSA MERDA! - e num ataque de fúria, a cliente espatifou o frasco de perfume no chão.
A vendedora em choque disse a cliente.
- Você quebrou, terá que pagar. São 286 reais.
- Eu não vou pagar nada! E vou embora daqui!
A cliente então se viu cercada de outros clientes curiosos e vendedoras tão macabras como Laura, a sua vendedora, aqueles olhares a penetravam, aqueles olhos pintados a culpavam. Laura sua vendedora tinha um certo ódio no olhar. A cliente respirou fundo.
- Faz em três vezes no cartão?
A mulher saiu com raiva da loja jurando a si mesma nunca mais entrar, deu uma leve esbarrada em um homem de meia idade e charmoso que entrava na loja de perfumes, ela mal o notou, pediu desculpas de leve e continuou pisando duro para bem longe da loja.
O homem acompanhou com o olhar a mulher sumir na multidão do shopping e ao entrar na loja se deparou uma vendedora.
- Bom dia, posso ajudar em alguma coisa? - disse a vendedora encarando os olhos do cliente, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado e com um sorriso sinistro que lhe estampava a cara.